sexta-feira, junho 30, 2017
6ª feira da 12ª semana do Tempo Comum
«Eu sou o Deus todo-poderoso. Anda na minha presença e sê perfeito». (cf. Gen 17,1.9-10.15-22)
Deus aproxima-se de Abraão para lhe propor a aliança
e concretizar a promessa de um filho de Sara.
Para que o dom seja puro dom de Deus,
Sara será mãe, quando humanamente já não é possível.
Para andarmos na presença de Deus e sermos perfeitos,
temos que circundar o orgulho e a segurança nas próprias forças,
fazendo da vida uma ação de graças e da santidade o nosso anseio.
Cristo renova a mesma aliança, descendo às periferias,
a resgatar os leprosos, perdidos e imperfeitos.
É o seu toque e a nossa confiança Nele que nos cura!
O ser humano, por saber comunicar sem fios
e dar à luz durante a noite, numa cidade de cimento,
acha-se “todo-poderoso”, fecha-se a Deus e afasta-se dos outros,
isolando-se da solidariedade, a fumar e a beber a sua destruição!
Em vez de circuncidar a instrumentalização
e educar o desejo para o amor que eleva o outro,
alimenta o capricho e usa preservativos para a libertinagem.
Queixa-se de um mundo-cão, onde a vida é uma competição,
mas torna-se a igual a todos, peça da mesma engrenagem.
Somos como leprosos que contagiam os outros,
com a nossa infelicidade, má educação de valores,
imaturidade afetiva, dependências adquiridas.
Senhor, Amor fecundo que sustenta a vida,
liberta-nos de uma vida estéril que arrasta a vida.
Cristo, generosidade fecunda que agracia a história,
cura-nos das nossas lepras que contagiam o mal,
e ajuda-nos a ser uma bênção que ajardina a vizinhança.
Espírito Santo, aliança interior que clama “Abba Pai”
e abraça o irmão que se torna próximo,
ajuda-nos a não desesperar da fé nem a sorrir da esperança,
mas a confiar no amor e a investir na aliança.
quinta-feira, junho 29, 2017
S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força. (cf. 2 Tim 4,6-8.17-18)
A força de Pedro e de Paulo é o mesmo Senhor.
A um chama-o nas margens do lago da Galileia,
a outro chama-o na estrada de Damasco.
A um chama-O Jesus, o Messias nazareno,
a outro chama-o uma Luz que fala e cega os violentos!
Ambos aprenderam o caminho árduo de seguir Jesus,
fazendo das suas vidas um testemunho e anúncio feliz da sua fé.
Ambos quiseram ir à capital do império desafiar o medo,
anunciar a esperança e dar a vida pelo seu Amado!
Neles se alicerça e retrata a Igreja,
comunidade missionária, hierárquica e carismática!
Nem sempre é fácil conjugar hierarquia e carisma, Pedro e Paulo.
Há a tentação de a hierarquia ser apenas função autoritária
e o carisma ser apenas criatividade profética, voz sem Igreja!
Por isso, as relações entre Magistério e Teologia,
Ministério Ordenado e Vida Consagrada e laical,
nem sempre são pacíficas, equilibradas e subsidiárias!
Jesus está ao nosso lado e é a nossa força,
não para construirmos fações em guerra dentro da Igreja,
mas para todos juntos, como comunidade apostólica e carismática,
continuarmos a missão salvadora de Cristo na história.
A beleza e riqueza da Igreja é ter nascido Pedro e Paulo,
ardor e sabedoria, celebração e evangelização,
ousadia e humildade, missão e comunhão!
Senhor, Rei do universo, que te fazes proximidade companheira,
ajuda-nos a permanecer em Ti, comprometidos com a salvação do irmão.
Cristo, que nos chamas a todos a ser pedras vivas da tua Igreja,
ensina-nos com Pedro e Paulo a aprender o zelo pela evangelização.
Espírito Santo, luz que faz brotar carismas e ministérios,
dá-nos a sabedoria da comunhão à imagem da Trindade!
S. Pedro e S. Paulo intercedei por uma Igreja viva e missionária,
arco íris terno que fala várias línguas na mesma fé e amor.
quarta-feira, junho 28, 2017
4ª feira da 12ª semana do Tempo Comum – S. Ireneu
Abrão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça. (cf. Gen 15,1-12.17-18)
A fé põe-nos à prova, pois seguramo-nos num escudo invisível.
A promessa aponta para o futuro;
vê-se é apenas umaa visão, uma palavra pronunciada durante a noite,
“assaltada por um grande e escuro terror”,
embora iluminada por um “brasido fumengante e um archote de fogo”
que alicerça a aliança e revela uma Palavra que é rocha firme!
Abrão teve a coragem de acreditar no Senhor
e pacientemente aguardar a hora de Deus!
Jesus na cruz acreditou que o que parecia um fracasso,
era a “consumação” da sua obra de salvação!
Que árvores boas, com raízes de fé tão profundas!
Estamos num tempo em que a imagem nos domina.
Ficamos com a sensação que se não aparecermos,
se não brilharmos, nem que seja só por um segundo,
nada somos, nada temos, nada podemos, nada receberemos!
Todos procuramos umas palmas, uma recompensa imediata,
uma promoção, uma gorjeta, um prémio de desempenho....
Numa sociedade secularizada, Deus é um estranho,
porque não se mostra, não recompensa nem castiga logo,
como se andasse em contra-corrente ao afã de aparecer!
Por isso, as pessoas desvalorizam-No, dispensam-No,
não aguentam esperar a “hora de Deus”.
Isto leva-nos a ser menos gratuitos, mais caprichosos,
mais ansiosos, acreditando apenas no presente que se sente!
Senhor, aliança abençoada escondida na noite da fé,
aumenta o dom da confiança na tua Palavra
e ensina-nos a caminhar seguros pela tua Mão invisível!
Cristo, que na rejeição dos homens te agarraste ao amor do Pai,
ajuda-nos a saber caminhar nas tempestades escuras,
que nos fazem duvidar e muitas vezes desesperar.
Espírito Santo, luz suave e brilhante que ilumina por dentro,
dá-nos um coração bom, que sabe florir no Inverno!
S. Ireneu, peregrino da Verdade que soubeste dar a vida por Ela,
intercede para que não nos percamos no que aparece e sente,
mas no que é, no que dá vida, no que permanece para sempre!
terça-feira, junho 27, 2017
3ª feira da 12ª semana do Tempo Comum
Não haja questões entre mim e ti, uma vez que somos irmãos. (cf. Gen 13,2.5-18)
Deus é Pai e criador de todos,
e, por isso, somos todos irmãos uns dos outros.
Deus é paz, diálogo de amor, que se revela misericórdia,
por isso, devemos resolver as nossas questões
pelo diálogo e não pela guerra,
pelo bem comum e não pela ambição individualista.
A fraternidade é o bem maior que temos e herdámos,
que em nenhuma situação devemos perder ou preterir.
Cristo preferiu dar a sua vida para nos salvar, a aniquilar-nos!
Às vezes parecemos dois galos numa capoeira,
com inveja uns dos outros, sempre a discutir,
sempre a magoar-nos e a lutar para ver quem é o maior.
Muitas famílias parecem um campo de batalha,
em vez de um porto seguro, onde nos sentimos amados!
Na sociedade, reforça-se a luta de classes,
a competição de carreiras, a concorrência de quem vende mais,
a luta de quem vence nas eleições e fica em primeiro.
No meio de tudo isto, muitas vezes,
até nos esquecemos que somos todos irmãos!
A rega de ouro é aprender a colocar-se no lugar do outro
e trata-lo como gostaríamos de ser tratados, em diálogo construtivo!
Talvez assim, as injustiças se desvanecessem
as diferenças nos enriquecessem, os frágeis fossem protegidos.
Pai nosso que estás nos Céus e nos visitas na brisa suave,
ensina-nos a alegria do bem comum e da partilha.
Cristo, pontífice da reconciliação entre a humanidade e Deus,
ensina-nos a arte de dialogar e de construir pontes,
de perdoar e corrigir o que erra.
Espírito Santo, que em todos queres habitar e acender o amor,
habilita-nos para a relação fraterna e solidária,
que sabe escutar na busca da verdade
e ser manso e pacífico no diálogo da justiça.
segunda-feira, junho 26, 2017
2ª feira da 12ª semana do Tempo Comum
O Senhor disse a Abrão: «Deixa… e vai para a terra que Eu te indicar. (cf. Gen 12,1-9)
Somos peregrinos de uma nova terra,
com raízes profundas à terra em que nos habituámos a viver.
O Senhor diz a Abrão e diz a cada um de nós:
“Parte de ti mesmo, das tuas amizades fechadas,
das tuas seguranças, das tuas ideias fixas,
das tuas rotinas já conhecidas e nem sempre boas!
Parte para a terra que Eu te indicar!”
Deus parte do Céu e da eternidade para a nossa história
e nós devemos partir do tempo e do provisório
para o amor que não acaba, a eternidade escrutinada na fé!
Vivemos o ideal de permanecer, de nos aconchegarmos no cantinhinho,
nas ideias feitas, no terreno conhecido, no clube de sempre...
Compramos sempre o mesmo jornal, ouvimos sempre a mesma rádio,
vemos sempre o mesmo canal de TV, frequentamos o mesmo bar...
Custa-nos a deixar hábitos, mesmo os que nos fazem mal
e vemos que são prejudiciais à saúde, à carteira, à família...
Custa-nos dialogar com o diferente, pois temos medo de confrontar ideias!
Por isso, preferimos a relação virtual à presencial,
pois na virtual podemos sair quando queremos
enquanto que na presencial temos que negociar ou dar uma boa desculpa.
Não é fácil converter-nos de verdade,
pois habituámo-nos aos carris onde roda a nossa vida!
Senhor, que nos chamas em todas as idades a sair de nós mesmos,
para partir para onde nos queres enviar: uma terra nova,
um fecundidade inimaginável, uma vida de bênção para todos,
ajuda-nos a ter a mesma fé e confiança de Abraão.
Cristo, que partiste do Pai para montar entre nós a tua tenda,
ensina-nos a partir do nosso conforto para a missão que nos envias.
Espírito Santo, lufada de ar fresco que nos conduz ao rumo certo,
faz-nos renascer para esperança e a peregrinar para a vida nova,
que nos aproxima do irmão como bênção e sem julgamentos.
domingo, junho 25, 2017
12ª Domingo do Tempo Comum (25 junho)
A Vós confiei a minha causa. (cf. Jer 20,10-13)
Deus está connosco, é justo e poderoso.
Conhece o coração de cada um e pesa a nossa santidade.
Não se deixa influenciar pela arrogância nem pela astúcia,
mas guarda o fraco e escuta o gemido do oprimido,
premeia aquele que é justo e não faz justiça pelas suas mãos.
Todos os que vivem como seu Filho e se tornam dom oferecido,
Deus guia-os com o seu Espírito e fortalece-os na perseguição,
para que a verdade vença o medo, a graça o mercado,
a esperança a desgraça, a solidariedade a indiferença.
A fidelidade ao dom gratuito vence o medo e salva o mundo!
A vida corre o risco de ser conduzida pelo medo e pelo rancor.
Pelo medo do que vão dizer, de ser perseguido,
de ser rejeitado ou ridicularizado, de perder amigos...
Pelo rancor que brota da ferida do ressentimento
e gangrena em mal estar, depressão, agressividade e vingança.
Quando dominados pelo medo e pelo ódio,
dispensamos Deus, confiamos nas armas de defesa e de ataque,
ficamos paralisados ou possuídos pela inquietação,
perdemos o rumo, esquecemos a missão, arrumamos a humanidade.
Só quando confiamos a nossa sorte a Quem é Senhor do Universo,
é que somos livres e a verdade e o amor nos liberta!
Senhor, Rocha na qual nos seguramos e confiamos,
liberta-nos dos medos que nos paralisam a filiação divina.
Cristo, Irmão amigo que vais à nossa frente,
como Cordeiro manso e humilde, forte e vencedor,
fortalece-nos com o Pão que se faz dom gratuito
e salva, dando vida, sarando faltas, fermentando a fidelidade.
Espírito Santo, dom que cura ressentimentos,
recria o nosso coração para que seja fonte de amor,
pagando o mal com o bem, deixando a Deus o julgamento.
Ajuda-nos a ser fieis à nossa missão e profecia,
quando o medo nos atemoriza e o egoísmo nos acomoda!
sábado, junho 24, 2017
Nascimento de S. João Batista
Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo. (cf. Is 49,1-6)
Celebrar o nascimento de João Batista
é celebrar o Deus que o criou e chamou a ser profeta.
A sua missão é ir à frente do Messias,
a preparar os seus caminhos, a apontar a sua presença.
Proclama um batismo de penitência, um regresso à aliança,
pois está a chegar o Esposo, que nos batizará no Espírito!
João é pura graça que aponta para a Fonte,
fazendo a ponte entre a antiga e nova aliança,
que o Cordeiro, concebido no seio da sua humilde Ovelha,
vai fazer, inaugurando um tempo de graça,
o Hoje da nossa salvação!
É difícil de perceber que um santo tão austero
dê lugar a festas populares tão extravagantes!
Ficou talvez o martelinho sonoro que desperta
para o Novo que justifica a festa e nos põe em alerta!
Mas até o martelinho passou a ser uma distração ruidosa,
que nos reúne na véspera, para o adormecimento de olhos abertos!
Assim se neutraliza a profecia de um santo do deserto,
que chama à penitência e aponta para a Luz que desponta!
Senhor, que escolheste João Batista para ser o precursor
e preparar a vinda do teu Filho, misturado de humanidade,
ajuda-nos a seguir o caminho de conversão que Ele proclama.
Cristo, que também Tu enviaste os teus discípulos
aos lugares onde Tu querias ir, como precursores,
desperta-nos para a missão de sermos como João Batista,
que prepara a tua vinda e abre as portas à fé no Evangelho.
S. João Batista, intercede por cada um de nós,
para que saibamos descobrir e seguir a nossa vocação,
realizando-a com humildade e fidelidade profética!
sexta-feira, junho 23, 2017
Sagrado Coração de Jesus
Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditámos no seu amor. (1 Jo 4,7-16)
Deus é todo amor, coração que se faz fonte de vida,
aliança que se abaixa e propõe noivado,
misericórdia que cura traições e esquecimentos,
esperança que encarna no seu Filho,
inabitação do Espírito, que prepara o nosso coração para amar.
Nós conhecemos o seu amor porque este se manifesta
e acreditamos que só amando permanecemos em Deus!
A fé em Jesus Cristo não acredita em soluções de guerra,
crê na paz, crê no perdão, crê na não-violência, crê na justiça!
O acesso ao conhecimento democratizou-se.
Basta entrar na internet e pesquisar um tema
e temos acesso a um montão de informações.
Também ao nível religioso, o conhecimento está acessível.
Mas conhecer coisas sobre Deus ou Jesus
não é o mesmo que acreditar em Deus revelado por Jesus!
Acreditar supõe confiar em Alguém, seguir o seu caminho,
abandonar outras soluções contrárias,
viver segundo o seu Espírito!
Acreditar em Jesus é crer que só o amor salva,
e, por isso, a violência mata e a vingança alimenta a guerra!
Pai nosso, bom Senhor e fonte de salvação,
dá-nos um coração grande e forte,
capaz de perdoar quando ferido, de amar quando desamado!
Cristo, que na cruz da tua rejeição renovas a tua aliança
e pronuncias a melhor e mais eterna declaração de amor,
obrigado porque não desistes de nós
e continuas a dizer-nos em cada Eucaristia:
“Eu estou disposto a dar a vida por ti,
abre o teu coração ao meu Espírito
e deixa que Ele te ensine a amar como fonte que não acaba!”
Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais,
faz que Te amemos e amemos os irmãos cada vez mais!
quinta-feira, junho 22, 2017
5ª feira da 11ª semana do Tempo Comum
Receio que os vossos pensamentos sejam corrompidos e se afastem da simplicidade para com Cristo. (cf. 2 Cor 11,1-11)
Em Cristo o mistério torna-se simplicidade e transparência.
Tudo se resume à verdade do amor que serve a salvação,
se doa, se aproxima, é misericordioso,
vence a prova da dor e da traição na cruz.
A oração não é de palavras mágicas e difíceis,
mas de relação filial e amorosa com um Pai que é de todos,
num ajoelhar solidário que abraça a todos na fraternidade.
É por isso, que as crianças e os simples
são os que melhor entendem de oração e de Cristo!
Os chamados sábios gostam de complicar as coisas:
arranjam uma linguagem hermética para dizer coisas simples,
guardam para si algumas descobertas e registam-lhe a patente...
Na religião há também os que acham que sabem palavras mágicas,
ritos eficazes, interditos fundamentais, segredos vitais...
e vão complicando a liturgia e a vida, divulgando medos e condenações,
recorrendo, muitas vezes, a pretensas revelações divinas!
É importante uma liturgia que nos ajude a entrar no mistério,
mas muita rigidez ritual cria ruído e centra-nos no acessório!
É importante comungar com respeito e com fé,
mas muitas vezes a insistência numa determinada forma de comungar
distrai-nos do mistério do Pão que nos assimila em Cristo!
Senhor, Pai nosso, Irmão nosso, Luz de todos,
envolve-nos com a vossa santidade e amor,
e eleva-nos para Vós, com sandálias de peregrino solidário.
Cristo, que nos falas com a autoridade da verdade,
na simplicidade das parábolas e do Evangelho quotidiano,
aumenta a nossa fé no seguimento simples e fiel dos teus passos.
Liberta-nos das complicações que nos distraem de Ti e do irmão,
e envia-nos a luz do teu Espírito que nos rejuvenesce o coração
e torna simples e verdadeiro o diálogo orante a amigo.
quarta-feira, junho 21, 2017
4ª feira da 11ª semana do Tempo Comum – S. Luís Gonzaga
Quem semeia pouco também colherá pouco. (cf. 2 Cor 9,6-11)
Deus não se cansa de semear no terreno baldio da história.
Semeia a sua Palavra com generosidade,
cultiva o seu povo propondo colaboração e aliança,
trata os seus filhos com misericórdia e paciência,
envia o seu Filho a podar e a recolher os seus frutos,
num trabalho árduo em que empenha a própria vida.
O se Filho aprende com o Pai a semear com generosidade
e desafia-nos a continuar esta sementeira de caridade
que quer transformar a criação num campo fecundo, belo e amigo,
que alimenta a vida e a festa para todos.
Se o grão não é repartido e semeado, apodrece e não dá fruto!
A falta de fé, amor e esperança faz-nos temerosos,
pouco generosos, consumidores para nos mesmos.
Poupamos para nós e para assegurar o futuro
ou para alimentar um consumismo acrítico e egoísta:
as últimas novidades tecnológicas, a última moda,
as férias de sonho, uma experiência radical.
Quem vive para si mesmo, não gera vida ao seu lado!
Felizmente, há um grupo significativo de pessoas
que aproveitam a vida e as férias para semear voluntariado,
distribuir solidariedade, oferecer tempo a Deus e aos outros,
partilhar a fé e a esperança, amar gratuitamente!
São estes que descobrem a alegre surpresa:
“que há maior alegria em dar do que receber!”
Senhor, acordamos cada manhã com a rotina do dom,
que quase já nem desperta em nós o agradecimento e o louvor!
Desculpa, mas é bom saber que nos assistes durante a noite
e nos esperas ao romper do dia,
com a alegria de quem buscou o melhor para nós!
Ensina-nos a alegria da generosidade e o cuidado do outro,
e liberta-nos da tentação de vivermos para nós mesmos.
Que a avareza não nos cegue a fraternidade
e o comodismo não nos paralise a missão e a caridade.
S. Luís Gonzaga, jovem desprendido e generoso,
intercede pela nossa juventude
para que descubra a alegria de ser dom que dê vida!
terça-feira, junho 20, 2017
3ª feira da 11ª semana do Tempo Comum
Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer com a sua pobreza. (cf. 2 Cor 8,1-9)
A riqueza de graça e de amor abaixa-se para elevar.
É assim o coração de Deus que se revela em Jesus!
É assim o coração de quem ama o pequenino e o pobre!
É um poder que não rebaixa nem humilha,
mas que serve, engrandece, enriquece a dignidade,
salva quem anda perdido,
faz festa com quem se sente uma nulidade!
Foi quando Jesus se deu totalmente
que nos enriqueceu a todos com a sua presença,
a sua aliança eterna, a sua misericórdia infinita,
o seu Pão de Vida, a sua salvação!
Há riquezas que são uma festa para todos
outras que provocam inveja, revolta e humilhação.
Há fundações que gerem riquezas ao serviço da cultura,
da solidariedade, do bem comum, da promoção humana,
e são louvadas por todos e queridas por todos.
Há impérios que crescem para si,
em condomínio fechado, que são cobiçados por ladrões,
invejados pelos pobres, sinais de que algo estraga a paisagem!
O mundo está mal dividido e cheio de fossos que separam,
injustiças gritantes que estruturam a sociedade,
mas há também sinais de esperança,
generosidade escondida e justiça estruturante,
que eleva, promove, dá vida e serve a esperança!
Senhor, tão grande que nada Te pode conter
e tem pequeno e próximo que serve escondido,
respeitando a liberdade, acompanhando como peregrino!
Cristo, Emanuel no mais íntimo do nosso ser,
feito sinal de pedaço de pão repartido
e de água que purifica a contaminação que mata!
Espírito Santo, respiração suave e renovadora de Deus,
a força do teu amor apresenta-se pobre e terna,
que só parados e silenciosos notamos a sua paz!
Santíssima Trindade, ajuda-nos a ser uma Igreja serva,
despida de poder e rica em generosidade e graça,
promotora de solidariedade e livre para amar até os inimigos!
segunda-feira, junho 19, 2017
2ª feira da 11ª semana do Tempo Comum
Mostramo-nos em tudo como ministros de Deus. (cf. 2 Cor 6,1-10)
O anúncio do reino de Deus é acima de tudo um testemunho.
Se a nossa vida não corresponde à vida de Jesus,
na fé, na caridade, na misericórdia, na mansidão,
na liberdade profética, na perseverança nos sofrimentos,
no serviço e na oferta até à doação de vida,
desacreditamos o Evangelho que proclamamos.
É a coerência evangélica na cruz que aponta para Cristo!
É assim que nos mostramos em TUDO,
como colaboradores e ministros de Cristo.
A injustiça e a violência fazem de nós juízes em causa própria.
A luta pela justiça pode fazer de nós guerrilheiros,
clientes de armas no mesmo fornecedor,
tentando destruir e não salvar o agressor!
Quando não temos coragem de pegar em armas,
alimentamos uma revolta interna que nos deprime,
nos amargura, nos põe a falar sozinhos e a murmurar.
A vontade é destruir o outro, mas como não somos capazes,
viramo-nos contra nós mesmos, destruimo-nos a nós!
E em vez de profetas e ministros de Deus,
tornamo-nos colaboradores do Inferno, alimentado por nós!
Senhor, que em Jesus Te revelaste graça e misericórdia,
alimenta-nos com a tua Palavra e o teu Pão,
para que sejamos fortes na provação,
pontes de reconciliação, fieis à aliança redentora.
Ajuda-nos a ser obreiros da justiça e da paz,
sem a querermos fazer pelas nossas próprias mãos!
Dá-nos o dom do seguimento em tempos de cruz,
para que não caiamos na tentação da fuga nem da vingança!
Espírito Santo, dá-nos o dom do discernimento profético,
para que a nossa vida não seja uma reação à maldade do outro,
mas uma expressão do coração de Cristo em todas as situações!
domingo, junho 18, 2017
11º Domingo do Tempo Comum
Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. (cf. Rom 5,6-11)
Deus é amor, mas o ser humano duvida da fidelidade deste amor.
Perante a instabilidade do nosso amor e a grandeza do nosso pecado,
interrogamo-nos: “será que Deus ainda nos ama e nos perdoa?”
Apesar da História da Salvação mostrar
que Deus é clemente e compassivo, fiel à sua aliança,
Deus prova o seu amor por nós, enviando-nos o seu Filho,
Ele mesmo ardendo de amor por nós, disposto a renovar a sua aliança.
E quando o amor enfrenta o inverno da rejeição,
a injustiça da condenação, a tortura do inocente,
Jesus não se torna amargo nem se arrepende de ser amor,
e do alto da cruz, pede perdão, acolhe o ladrão, morre em paz!
Deus põe o nosso amor à prova de muitas maneiras.
Quando somos mimados e tudo recebemos,
o gemido envergonhado da solidariedade e da partilha
põe à prova o nosso amor avaro ou generoso.
Quando somos abandonados ao consumo de entreténs eletrónicos,
porque não há tempo gratuito para estar connosco,
como respondemos, fechando-nos quando os outros precisam de tempo
ou dando tempo, prestando atenção, oferecendo voluntariado?
Quando na família, na vizinhança ou no trabalho
temos que conviver com alguém incómodo,
como reagimos? Tornamo-nos agressivos como ele,
desistindo e murmuramos continuamente dele
ou rezando por ele, perdoando-o e fazemos tudo para o salvar?
Senhor, bondade infinita a regar a nossa aridez desértica,
louvado sejas porque nos criaste por amor,
fizeste connosco aliança por misericórdia,
enviaste o teu Filho por compaixão
e permaneces connosco como Pai que sofre pelos seus filhos.
Cristo, nosso salvador e amor encarnado, servo e crucificado,
louvado sejas porque a nossa ingratidão nunca Te contaminou,
e na Igreja e nos sacramentos permaneces o Emanuel.
Envia-nos o teu Espírito e anima-nos para a missão,
com um coração compassivo, cheio de fé e de esperança,
misericordioso e reconciliador, fiel e profético.
Alimenta-nos com a tua Eucaristia e faz de nós uma oferta santa.
sábado, junho 17, 2017
Sábado da 10ª semana do Tempo Comum
O amor de Cristo nos impele. (cf. 2 Cor 5,14-21)
Deus quer dar-nos a sua paz e salvação.
Por isso, envia-nos o seu Filho, irmanado com o pecador,
para que morrendo por nós, nos reconcilie com Deus.
Envia-nos o seu Espírito, que faz de nós novas criaturas,
e nos ensina a viver, não já para nós mesmos,
mas por Cristo, com Cristo e em Cristo!
Quem assim vive, reconcilia-se com Deus e com os irmãos,
e torna-se embaixador e ministro da reconciliação.
A sua palavra não tem rodeios e juramentos ruidosos,
mas paciência e amor, humildade que salva e acompanha.
Todos sofremos um pouco de faraonismo:
vontade de dominar, de combater a insegurança semeando o medo,
de usar a violência e a força, de endurecer o coração
em vez de treinar o diálogo e reconciliar desavenças.
Os “ismos” que por aí proliferam sofrem de vontade de poder:
o machismo, o feminismo, o populismo, o clericalismo,
o fundamentalismo, o racismo, o nepotismo, o bairrismo...
Quando as coisas são feitas por amor,
a indiferença degela em compaixão e solidariedade,
a teimosia e o rancor aprende a dialogar e a perdoar,
o amor de Cristo liberta-nos para a missão
e o serviço do bem comum e da paz.
Senhor, que tanto nos amas, faz que Te amemos cada vez mais.
Cristo, obrigado porque nos ajudas a carregar a nossa cruz,
e assumiste o castigo do nosso pecado para nos salvar!
Ajuda-nos a ser pedras vivas e ternas da tua Igreja,
ministros do Evangelho da paz e embaixadores da reconciliação.
Faz-nos aproveitar mais do sacramento da reconciliação,
para que reconciliados nos tornemos mais livres e felizes.
Espírito, Fonte de aliança, faz da Igreja um rio terno e fecundo,
que semeia a vida e faz crescer a reconciliação e a comunhão!
sexta-feira, junho 16, 2017
6ª feira da 10ª semana do Tempo Comum
Tudo isto é por vossa causa... por causa de Jesus... para glória de Deus. (cf. 1 Cor 4,7-15)
No seguimento de Jesus, vivemos a missão de Deus,
como dom precioso e em vasos de barro,
sujeitos aos perigos de fora e de dentro,
sofrendo pela salvação de todos, com uma maternidade fecunda.
Por causa de Jesus, descentram-nos de nós mesmos,
para que a nossa vida seja por causa da salvação de todos
e todos possam descobrir a alegria de dar glória a Deus!
A fé em Deus, inspirados pelo Espírito e alimentados por Cristo,
é um antídoto para as tentações de adultério de coração e de facto,
que fazem de nós cata-ventos do desejo e idólatras do prazer.
Hoje exalta-se o “por causa de mim”, da “minha realização”,
da “minha felicidade”, do “meu bem estar”, do “meu futuro”...
Como o caminho mais fácil é usar o dinheiro para o conseguir,
submetem-se a horas sem fim de trabalho
ou entra-se em dependências e esquemas de roubo sem ética.
Como o centramento em mim conflui com o centramento dos outros,
a vida torna-se concorrência, competição, esquemas de sobrevivência...
Como o amor de mim infideliza o amor do outro,
libera-se o adultério, multiplica-se a prostituição e a instabilidade familiar.
Quando se fica a olhar apenas para o nosso umbigo,
o barro de que somos feitos fica mais fragilizado!
Senhor, ensina-nos a viver para a vossa maior glória
e a oferecer-vos sacrifícios de entrega por causa de Cristo.
Cristo, enviado do Pai a salvar a humanidade curvada sobre si,
envia-nos o teu Espírito e faz de nós discípulos do Evangelho,
que acolhem o dom do ministério e dos carismas,
para o bem da Igreja e da evangelização da esperança.
Deus do amor verdadeiro e eterno,
ensina-nos a amar com fidelidade e entrega,
para que não caiamos na tentação do adultério,
nem no cansaço do matrimónio que perdura.
Dá-nos, Senhor, um coração puro, fiel e criativo!
quinta-feira, junho 15, 2017
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo? (cf. 1 Cor 10,16-17)
A Eucaristia é o sacramento que aviva a memória da salvação
e nos assimila em comunhão com Cristo e com o seu Corpo, a Igreja.
É uma presença que alimenta a doação e o compromisso,
é uma comunhão que incorpora seguimento e unidade.
É o Pão descido do Céu que conduz ao Céu,
feito de matéria divinizada pelo Sangue oferecido.
Hoje sai à rua em festa de bênção e de boa nova,
apontando aos cristãos o que devem ser quando saem da missa:
uma procissão do Corpo de Cristo festiva e transformadora!
Hoje fala-se muito em direitos iguais para todos,
e também no direito de todos poderem comungar na missa.
De facto todos os que querem comungar Cristo
têm a possibilidade de participar nesta Mesa do Amor,
pois Jesus ofereceu a sua vida para salvar a todos.
No entanto, o egoísta que só pensa na sua salvação e bem-estar,
o rancoroso que endurece o seu coração ao perdão,
o mentiroso que por fora mostra é uma coisa e por dentro é outra,
o indiferente ao irmão e à missão da Igreja,
quando comunga, não quer entrar em comunhão com Cristo!
Usa o rito para se pacificar, não para alimentar a sua conversão em Cristo!
Santíssimo Senhor, tão escondido e humilde estais
nessa Hóstia de pão quotidiano e nesse cálice de vinho,
ajuda-nos a fazer memória da tua oferta redentora,
quando participamos na tua Eucaristia, presença de fé e de amor.
Santíssimo Senhor, Pão do Céu, suave à comunhão
e tão exigente quando digerido no coração,
ajuda-nos a fortalecer o desejo de santidade,
que respira misericórdia, conversão, evangelização,
partilha de vida, arte de paz, suor de justiça.
Faz da tua Igreja uma procissão de Corpo de Cristo,
uma multidão unida e com diversos carismas,
que sabe amassar o Evangelho com a vida,
e ser pão de vida para os mais fracos ou obesos de si!
quarta-feira, junho 14, 2017
4ª feira da 10ª semana do Tempo Comum
É por Cristo que temos esta certeza diante de Deus. (cf. 2 Cor 3,4-11)
Cristo é a porta que nos abre o Céu de par a par,
o canal que rega a história com a graça da vida divina,
o dom do seu Espírito que nos introduz na nova e eterna aliança.
Os discípulos de Cristo são ministros desta nova aliança,
não por mérito nem iniciativa sua, mas por chamamento
a continuar a sua missão, fazendo-se dom para todos.
A aliança do Antigo Testamento é gloriosa e passageira,
mas essencial pois prepara a nova e eterna aliança,
selada por Cristo pelo sangue derramado na Cruz.
Por meio de Cristo percebemos que Deus é sempre Amor,
mesmo quando a ingratidão rejeita e mata!
Muitas vezes vestimos a pele do Cordeiro
e dizemo-nos cristãos, seguidores de Cristo,
mas depois atuamos como ministros da lei de Talião,
consumidores de ritos religiosos,
sem vida em coerência com Aquele que celebramos na Eucaristia!
Deixamos de amar quando não somos amados,
perseguimos os que nos perseguem,
armamo-nos com armas de agressividade perante agressivos...
Rezamos e comungamos Aquele, que perante a injustiça,
se recusou julgar e condenar, porque queria salvar,
e deu a vida para cuidar da figueira inútil e sem frutos,
mas estamos sempre a julgar e a condenar,
desistindo de salvar quem é injusto e mau!
Senhor, Jesus Cristo, nosso Salvador e Mestre da Aliança,
envia-nos o teu Espírito e escreve a lei do Amor no nosso coração.
Alimenta-nos com a tua Palavra e assimila-nos no teu Corpo,
para que sejamos ministros transparentes da nova aliança.
Ajuda-nos a participar na Eucaristia da tua oferta
e a fazer memória da tua filiação divina
no quotidiano das pequenas coisas da nossa história.
Ajuda-nos a fazer o êxodo da antiga aliança
para o vinho novo da nova aliança,
seguindo os teus passos, os teus sentimentos e a tua missão!
terça-feira, junho 13, 2017
S. António de Lisboa e de Pádua
A sua glória estará na lei da aliança do Senhor. (cf. Sir 39,8-14)
Deus é Luz e quer acender a chama do nosso entusiasmo.
O amor de Deus revela-se aliança que dá inteligência
e faz da vida um sinal de esperança e um jardim de alegria.
Foi bebendo desta Fonte que Fernando de Bulhões
vestiu o hábito de S. Francisco e se tornou Frei António.
Quanto mais crescia na sabedoria da Palavra de Deus,
mais se tornava humilde, simples, livre
e disponível para anunciar a boa nova de Jesus até ao martírio.
Partiu de si mesmo, do seu conforto, da sua carreira eclesiástica,
da sua pátria, dos seus projetos, dos seus sonhos.
Os ventos levaram-no à Itália, o fogo do Espírito à pregação,
a obediência ao ensino da teologia aos seus irmãos,
o zelo pelas coisas de Deus a viver muito em pouco tempo!
Às vezes fazemos coleção de anos hibernando no conforto de si!
É uma vida fundada no “não ao risco”:
“não aprendo porque depois pedem-me para ajudar;
não me caso porque posso não me dar bem e tenho que aturar os sogros;
não quero filhos porque dá muito trabalho e incómodo;
não me consagro por toda a vida ao Senhor
porque tenho que obedecer ao superior, não posso ter a minha vida,
o meu dinheiro, os meus projetos, a minha família;
não me vou comprometer com nada na sociedade,
porque só dá chatices e trabalho, e pouco lucro;”
S. António optou pela aventura de sair de si,
viveu pouco tempo, mas ainda hoje continua vivo!
Senhor, como é bom acordar cada manhã e dizer obrigado!
Como é vivificante sentar-me diante da Palavra
e perguntar: “E hoje, o que queres que eu faça?”
E a resposta é sempre a mesma. “Estar disponível
para ir onde eu Te enviar e fazer o que Te mandar!”
Outras vezes o Senhor me diz: “Desce e volta para Casa!”
Foram 60 anos passados com a intensidade de um dia,
tão cheios de experiências lindas
e coloridas de culturas e amizades, na aventura do novo.
Quantas pessoas fazem parte do meu coração pequeno,
quanta semente semeada de que não conheço o fruto,
e, apesar de tudo, quanto tempo perdido quando o perdão tarda!
Ser missionário do Verbo Divino é uma dignidade não merecida!
S. António, língua de ouro porque boa nova vivida e proclamada,
ensina-me a ser um missionário de Jesus Cristo,
zeloso, humilde, profético, sempre disponível e atento!
segunda-feira, junho 12, 2017
2ª feira da 10ª semana do Tempo Comum – 108 Mártires da Polónia
Se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação. (cf. 2 Cor 1,1-7)
Deus sofre por nos ver sofrer e esmorecer.
É compassivo quando ouve os nossos gemidos temerosos,
é remédio quando nos adoece a fé, a esperança e o amor.
Na tribulação dá-nos o dom da consolação e da fortaleza,
e quando os outros gritam aflitos e desanimados,
dá-nos o dom da consolação que abraça e anima.
Por isso, consolados por tal auxílio que nos faz planta do deserto,
somos felizes porque provados, nos tornamos mais fortes,
mais compassivos, mais solidários, mais pacíficos.
A tribulação da gravidez e do parto preparam a mulher para ser mãe!
Aprende com a consolação da fecundidade a esperar com alegria,
para depois saber consolar os incómodos do bebé,
com o colo do amor e o carinho da paciência!
Por isso, fugir das tribulações, fechando-se às surpresas do novo,
trazendo às costas a concha protetora do caracol ou da tartaruga,
faz-nos moles, lentos, temerosos, defensivos, egoístas.
É a simplicidade das pombas que voam
e a perspicácia dos répteis que rastejam,
que os preparam para a tempestade
e os tornam resistentes ao frio e ao calor.
Uma sociedade especializada em analgésicos e fugas,
torna-se indiferente, autista, virtual, imatura.
Senhor, fortifica-nos na tribulação e na provação,
e consola-nos com a esperança da fé,
e fortalece-nos com o Pão da Palavra e da Eucaristia.
Espírito Santo, Luz de discernimento do caminho da vida,
ajuda-nos a não escolher o mais fácil e indolor,
mas o melhor, o mais sustentável, o mais solidário.
Dá-nos o dom da consolação, num mundo frio e insensível,
para que saibamos chorar com quem chora,
ser solidário com quem experimenta a solidão,
ser compassivo e misericordioso com quem é frágil e pecador.
Faz de nós uma Igreja madura para o martírio, se for necessário!
domingo, junho 11, 2017
Santíssima Trindade
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco. (cf. 2Cor 13,11-13)
Deus é amor, plural e uno, eterno e misericordioso.
A marca de um Deus comunidade, que vive em relação,
está presente em toda a criação, numa diversidade harmoniosa.
A biodiversidade dum jardim ou de uma floresta,
a grandiosidade inalcançável do firmamento,
a vida comunitária dos animais,
a maravilha de um casal que se fecunda num terceiro...
Na história sentimos a emoção do amor que perdoa,
a graça divina que nos abre à eternidade em Jesus,
a comunhão duma Igreja universal, unida na mesma fé.
Como é belo e grandioso sermos filhos dum Deus Trindade!
Numa sociedade de mercado, onde tudo se compra e vende,
facilmente transformamos a graça em mercadoria,
o amor em serviço, a comunhão em couto amuralhado.
Quando perdemos a fé na Santíssima Trindade,
o egoísmo entroniza-se com poder económico,
a relação alimenta-se de amigos virtuais ou comprados,
a cidade aglomera solidões ignoradas,
a paz é negociada com mãos armadas
e o olhar cobiçoso em matérias primas enjaizadas!
Sem o ADN da Trindade a amizade torna-se interesseira,
o amor perde a segurança da raiz e do horizonte,
a fecundidade um fardo a suportar,
a consagração um serviço que se faz sem alegria e entrega.
Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito,
como é belo poder chamar-te “nosso Deus”,
sem deixares de ser comunidade em relação personalizada.
Bom Papá, gerados fomos na tua bondade,
sustentados somos na tua providência,
perdoados e abraçados somos na tua misericórdia!
Jesus, grande Irmão, que desceste à miséria que cavámos,
tiraste o manto e colocaste a bata de servo, de médico e de pastor,
louvado sejas porque nos acolheste no teu Corpo
e nos sentaste à mesa da fraternidade universal e eterna.
Espírito terno e santo, que respirais em nós o amor,
ensina-nos a sonhar corajosamente com a comunhão,
com o diálogo fraterno, com a paz que nasce do perdão!
sábado, junho 10, 2017
Sábado da 9ª semana do Tempo Comum - S. Anjo de Portugal
Eu sou Rafael, um dos sete Anjos que estão ao serviço de Deus. (cf. Tob 12,1.5-15.20)
O mundo de Deus é um mistério de Amor insondável!
Tudo concorre para harmonia da criação,
para a salvaguarda da biodiversidade e o equilíbrio.
Os seres visíveis e invisíveis, materiais e espirituais,
estão todos chamados a entrar na missão redentora de Deus,
fonte de vida e coração ardente de salvação!
Os anjos também entram nesta missão de Deus
e são o protótipo do missionário: vivem na presença de Deus,
obedecem à sua vontade, cuidam pessoalmente do bem de cada um,
zelam pelo bem do seu povo e buscam a paz e a santidade de todos.
Os pastorinhos de Fátima tiveram a dita de ver o invisível!
Vivemos em tempos de muitas fobias,
com o medo da solidão, habitada de muitos fantasmas.
Uns não conseguem enfrentar a noite
e dormem com a luz acesa ou com muitos calmantes.
Outros trocam a dia pela noite
e sentem-se mais seguros a trabalhar
ou a divertir-se durante a noite iluminada
e a descansar sob a claridade do dia ensolarado.
Outros descobrem que os fantasmas que os habitam
convivem ao lado de anjos enviados por Deus
e aprendem a confiar Naquele que venceu o mundo!
O medo é um síndrome que pode denunciar falta de fé!
Senhor, Deus providente e criador generoso,
recria-nos no amor e na confiança,
que nos liberte para o louvor e para o cuidado do outro.
Cristo, enviado da eternidade do Pai a salvar a história,
ajuda-nos a ouvir a Voz do teu Espírito que nos conduz à vida.
Ajuda-nos a ser como a viúva desprendida que dá-se toda,
porque sabe que é toda dom e nela habita a paz da esperança.
Obrigado pelos anjos que envias em missão
e ensina-nos a facilitar-lhe a vida,
pela docilidade da vontade e a fidelidade da caridade.
Ajuda-nos a ser anjos enviados a salvar os que estão em perigo!
sexta-feira, junho 09, 2017
6ª feira da 9ª semana do Tempo Comum – S. Efrém
Já te vejo, meu filho, luz dos meus olhos. (cf. Tob 11,5-17)
Deus arde de desejo em voltar a ver os seus filhos.
Quando alguém se arrepende e procura a misericórdia,
Deus corre jovem e abraça-lhe o pescoço com o beijo da paz
e diz-lhe: “Já te vejo meu filho, luz dos meus olhos!”
Quando Jesus ressuscitou dos mortos e volta com a humanidade,
o Pai faz festa no Céu e diz-lhe com eco eterno:
“Já te vejo, meu Filho, luz dos meus olhos!”
Quando alguém acolhe o dom da fé
e lhe caiem as escamas do engano,
lança-se nos braços do Invisível que o acompanha e diz-lhe:
“Já Te vejo, meu Senhor, luz e salvação dos meus olhos!”
Quando alguém se compadece do que sofre e o ajuda,
diz-lhe o coração palpitante: “Já te vejo, meu irmão,
já não és árvore a passar, mas coração a amar!”
A cegueira de olhos abertos é a grande doença de hoje.
Vivemos como que sentados num cinema,
a ver imagens passar e a sonhar com enredos de novela.
Somos espetadores de um mundo que não nos toca,
a não ser a curiosidade mórbida e o passatempo.
Como Deus não entra nessa, de espetáculo para entreter,
e se torna invisível aos olhos da curiosidade
e apenas visível aos olhos da fé que envolve as entranhas,
o ser moderno descarta Deus, pois procura-Lo é uma seca!
Não há pachorra para procurar Deus escondido,
para rezar durante a noite e aos tropeções,
buscando a Voz que se ouve de vez em quando!
Senhor, há quanto tempo nos esperas para nos abraçares
e fazeres a festa do encontro, num face a face misericordioso!
Cristo, Tobias que procuras no mundo uma esposa que Te ame,
vem fazer da tua Igreja uma Sara que te acolha e seja fecunda.
Espírito Santo, qual Rafael que nos curas da cegueira,
liberta-nos das escamas do egoísmo e do interesse,
e dá-nos o dom do discernimento e da compaixão,
para que vejamos o outro como irmão
e sejamos para ele um anjo da guarda que o cuida.
quinta-feira, junho 08, 2017
5ª feira da 9ª semana do Tempo Comum
Senhor, bem sabeis que não é por paixão, mas com intenção pura, que a tomo como esposa. (cf. Tob 6, 10-11; 7, 1.9-17; 8, 4-9a)
Deus é a fonte do amor e Nele aprendemos a amar.
A fé gera confiança, amor e louvor a Deus,
num diálogo confiante, cheio de esperança e libertador.
O amor a Deus purifica o amor humano,
dá-lhe dimensão de fidelidade e de eternidade,
eleva-o da paixão para a aliança na saúde e na doença,
enche-a de misericórdia e de compaixão!
É assim que o matrimónio se constitui sacramento,
sinal do amor esponsal entre Cristo e a Igreja!
A relação humana é feita de amizade, de amor e de paixão.
A amizade é feita de simpatia, de gostar estar juntos,
de escutar desabafos e partilhar, de alguma cumplicidade.
O amor já supõe uma amizade de eleição,
que distingue alguém de todos os outros
e cria laços únicos de união e de comunhão fecunda.
O amor pode ser familiar, de namoro ou de matrimónio, de missão.
A paixão é uma atração unitiva, cega e interesseira,
que se não tiver como base o amor e a intenção pura,
pode degenerar em relação momentânea e instrumentalizadora,
chegando à possibilidade de violação e prostituição gratuita.
Senhor, louvado sejas pelo amor fontal e eterno com que nos amas!
Aumenta a nossa fé e a qualidade do nosso amor,
para que a oração seja encontro, escuta e louvor!
Cristo, missão de amor pela causa do Reino de Deus,
louvado sejas pela aliança que fizeste com a Igreja,
selada no teu sangue e fidelizada pelo dom do teu Espírito.
Ensina-nos a amar com intenção pura e altruísta,
para que a missão na Igreja seja canal da graça divina,
a vida matrimonial seja expressão fecunda de amor,
e o futuro se alicerce na aliança fiel
e não nos impulsos do momento, frágeis ao frio do inverno!
quarta-feira, junho 07, 2017
4ª feira da 9ª semana do Tempo Comum
A prece de ambos foi escutada pelo Deus da glória. (cf. Tob 3, 1-11a.16-17a)
O Senhor escuta o gemido do aflito suplicante.
A humilhação de Tobit ajuda-o a tomar consciência
do pecado pessoal e do seu povo e da justiça de Deus.
O desespero de Sara leva-a a vencer a tentação de suicídio
e a colocar-se nas mãos do Senhor da vida e da morte.
A oração é o lugar da verdade iluminada pela misericórdia
e do encontro confiante com o Senhor que ouve com o coração.
O anjo Rafael é enviado como remédio para ambos,
fazendo do acaso a realização de um projeto de salvação.
Na aflição e desespero a quem recorremos?
Uns refugiam-se na depressão, outros na drogas,
outros no virtual, outros no suicídio.
Quem tem fé busca apoio em Deus e pede ajuda espiritual,
reza, coloca velas a um santo, faz promessas, peregrinações...
para que a sensação de desespero acabe
e muitas vezes tudo possa continuar como antes!
Orar é colocar a nossa vida nas mãos de Deus,
sem condições nem orientações, nem prazos marcados:
“Se for possível afasta de mim este cálice de dor,
mas faça-se a tua vontade e não a minha!”
Senhor, o teu amor é como Sol que nos envolve
e Estrela Polar que nos guia durante a noite,
aumenta a nossa fé e esperança no desespero e angústia.
Cristo, guia que vais à nossa frente na dor e na esperança,
e, por isso, nos compreendes e esperas com a tua Mão amiga,
ensina-nos a procurar refúgio e luz na oração.
Espírito Santo, ensina-nos a buscar o que quereis de nós
e não o porque a mim, como se fossemos vitimas do castigo!
Dá-nos o dom da humildade que escuta e da conversão!
terça-feira, junho 06, 2017
3ª feira da 9ª semana do Tempo Comum
Não podemos comer nada roubado. (cf. Tob 2,9-14)
Deus é dom, mas nada dá obrigado,
nem nada vende comprado, pois tudo lhe pertence.
A sua aliança é uma proposta que eleva
e que espera uma resposta livre e misericordiosa.
O envio do seu Filho é uma Palavra humilde
que bate à porta para entrar e se esconde para ser procurada.
Aquele que tudo tem e tudo pode, reveste-se de servo
e oferece a sua vida para a liberdade nos alcançar!
Cada dia é preciso recomeçar, porque nos perdemos e adormecemos,
por isso nos envia o seu Espírito para que o amor seja de vontade!
Tratados desta maneira por Deus, como devemos tratar os irmãos?
Generalizou-se a ideia que para comer podemos roubar!
Logo que o roubo seja feito sem ninguém notar nem deixar rasto,
pratica-se a corrupção, desviam-se bens da empresa ou do supermercado,
entra-se no quintal do vizinho, mente-se por dinheiro...
A cobiça pode-nos levar ao adultério, que é uma forma de roubar.
O aproveitamento de situações de fragilidade pode levar-nos
a roubar a inocência à criança, a vida ao nascituro,
os bens ao ingénuo, a dignidade ao pobre...
O marketing pode optar por se profissionalizar em manipular,
para que o sim a um produto ou a serviço não seja livre,
mas forçado por hipnose massificada!
Senhor, ensina-nos a dar a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus, como cidadãos do mundo
e filhos de Deus, tocados pela graça que nos faz dom.
Liberta-nos do facilitismo que sanciona o furto escondido.
Espírito Santo, educador de consciências,
fortalece-nos os valores da verdade e da transparência,
do amor, da verdade e da justiça, mesmo que nos custe
e notemos que somos os únicos a ir nesta direção.
Ajuda-nos a ser como Jesus que eleva a dignidade,
respeita a vontade, sabe ser paciente e fiel,
acolhendo com misericórdia, servindo com entrega.
segunda-feira, junho 05, 2017
2ª feira da 9ª semana do Tempo Comum – S. Bonifácio
Filho, vai ver se encontras algum pobre... e trá-lo aqui para comer connosco. (cf. Tob 1,3; 2,1b-8)
O Pai do Céu envia o seu Filho em busca de pobres da graça,
para que se sentem à sua mesa, que é o Trono da graça.
Jesus é morto e crucificado, rejeitado pelos grandes deste exílio,
mas o Pai vem e ressuscita-O da prisão da morte
e monta a mesa da graça na praça da misericórdia,
onde Cristo se faz Cordeiro e Vinho novo,
Esposo de quem dele se alimenta e nele se fortalece.
É o Pentecostes da Aliança do Amor
que se reveste de convite a participar da sua mesa eucarística!
A refeição solitária na família e no restaurante
é a expressão duma sociedade individualista,
que só come para enganar a fome ou por prazer de comer.
Por isso come-se de pé, virado para a parede,
a olhar para o telemóvel ou a ouvir música conhecida,
alheado ao mundo que corre e ao pobre que espera,
de mão estendida e voz de pedinte profissionalizada.
Nesta lógica, a missa precisa de ser rápida, “fast food”,
agradável e descomprometida, para se cumprir o dever
e voltar para o meu cantinho virtual, feito à minha medida.
Pai de coração grande, que esperas por cada um de nós,
para nos juntar à volta da tua Mesa da Graça,
louvado sejas por tanto amor e por tanta misericórdia.
Cristo, enviado pelo Pai em busca destes pobres perdidos,
dá-nos um coração aberto e empenhado com a tua missão,
para que a nossa fé calce as sandálias da caridade
e o nosso quotidiano suje as mãos nas hospitalidade.
Espírito Santo, dá vida nova aos sacramentos que recebemos,
para que em nós se manifeste Cristo que celebramos.
S. Bonifácio, grande evangelizado da Alemanha,
ora para que sejamos uma Igreja missionária e profética!
domingo, junho 04, 2017
Pentecostes – Dia do Apostolado organizado dos Leigos, Dia Nacional do Cigano
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas. (cf. At 2,1-11)
O amor de Deus vem ao nosso encontro e fala a nossa língua,
toca-nos o coração, surpreende-nos com uma luz que engrandece,
abraça-nos com um carinho não merecido.
O Espírito Santo é o elo de comunhão personalizado,
que entrelaça o diferente na unidade do bem comum
e eleva o tempo ao horizonte duma eternidade compreensível,
apontando para Jesus como chave do mistério!
É o Espírito que faz esta maravilha miraculosa
duma Igreja unida no mesmo louvor,
colorida de diversidade, culturas e línguas!
É o Espírito que faz a globalização do amor,
sem matar o especifico e único de cada um,
promovendo a comunhão do todo num só Corpo de fé!
O turismo globaliza a mobilidade dos que têm posses,
e obriga o que acolhe a aprendizagem da língua de quem passa.
São serviços que se compram e vendem
num mercado de sonhos e de aventuras.
A migração globaliza a mobilidade do que não têm posses
e obriga o que chega a aprender a língua e cultura do quem o acolhe.
São vidas que se oferecem por um emprego e um futuro melhor.
O missionário globaliza a mobilidade por excesso de amor,
aprende a língua do outro numa fraternidade festiva
que se senta à mesma mesa da comunhão universal.
A globalização querida por Deus não é monotonia do mesmo,
mas é a comunhão do diferente que enriquece o corpo.
Santíssima Trindade envolve-nos no teu Amor,
pela ação luminosa e suave do teu Espírito.
Louvado sejas ó Cristo de mãos e pés marcados pela entrega,
dá-nos a tua paz e faz de nós missionários da misericórdia.
Espírito Santo, que na oração nos ensinas a língua de Deus
e nas relações humanas nos ensinas a língua da fraternidade,
ajuda-nos a ser irmãos no respeito e no cuidado do mais fraco
e a ser filhos de Deus no seguimento de Jesus, nosso Senhor!
Unge com a profecia dos valores da fé os nossos leigos,
para que sejam missionários da esperança e da justiça,
quando constituem família, servem no emprego,
se empenham na política e participam na Igreja.