sábado, setembro 30, 2017
Sábado da 25ª semana do tempo Comum – S. Jerónimo
Corre e vai dizer a esse jovem: Jerusalém deverá ficar sem muros. (cf. Zac 2,5-9.14-15a)
A grandeza do Céu aberto desceu à terra.
Com os muros de divisão construiu pontes, pontos de encontro,
átrios de fraternidade, refúgio de pecadores.
Em Jesus, Deus habita no meio de nós,
entrega-se nas nossas mãos, revela o nosso medo e esperança.
O medo do mistério escondido em Jesus,
crucificou-o numa cruz, tentando apagar a Luz que nos revela,
mas a cruz abraça a todos e faz-se muralha da aliança,
que abre portas à esperança e rega a história com a sua misericórdia.
Os castelos medievais são hoje museus do passado,
mas a globalização aberta construiu outros muros:
muros de arame farpado, muros de betão, muros económicos,
muros políticos, muros religiosos, muros racistas,
muros sexistas, muros de desenvolvimento, muros de saúde,
muros de justiça, muros culturais, muros geracionais...
É um mundo em vitrina, que parece acessível a todos,
no entanto, tem muros invisíveis que impedem a livre circulação!
Deus caminha connosco, mas nós fechámo-Lo no templo!
Senhor, perante a tua omnipotência, como me sinto ridículo
ao contemplar o nada que defendo e amuralho tão afincadamente!
Também hoje Te confundo com um inimigo e Te crucifico,
Te ignoro, Te deixo só, Te fecho em pequenos momentos de oração,
programados e limitados, para que não invadas a minha privacidade.
Está difícil deixar-Te entrar nos lugares mais íntimos da minha vida.
Dá-me coragem para que a tua Luz ilumine as minhas trevas
e possas dizer como a Zaqueu: “Hoje entrou a salvação nesta casa!”.
S. Jerónimo, estudioso e tradutor da Palavra de Deus,
ensina-nos, hoje, a viver do Evangelho e a traduzia-lo na vida!
sexta-feira, setembro 29, 2017
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos
Miguel e os seus Anjos lutaram contra o Dragão.(cf. Ap 12,7-12a)
Deus é generoso na diversidade da criação.
Criou pequeno e grande, visível e invisível,
espiritual e material... tudo como extensão do seu amor.
Os anjos são os nossos irmãos celestiais,
eternos e espirituais como Deus, criaturas livres como nós.
Uns, como os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael,
optaram por ser a expressão da omnipotência,
da força e medicina de Deus, colaborando na sua Missão
de salvar, promover a vida e a esperança, ensinar a caridade;
outros, optaram por ser dragões, que se alimentam de vidas,
promovem a divisão e a ilusão, são fogo de trevas traiçoeiras.
Na vida encontramos muitos anjos que despertam a esperança,
uns são companheiros, amigos das dificuldades,
mão que nos conduz, pedagogos da liberdade e do amor;
outros são anjos de luz que hipnotizam, criam dependência,
enganam o fraco e o ingénuo, corrompem a paz.
A família deveria ser um átrio de anjos bons;
umas vezes sim, outras nem tanto,
pois nela encontramos violência doméstica, pedofilia,
incesto, exploração sexual, tráfico de pessoas, guerras...
E como vamos de anjos bons na escola, na Igreja,
na vida consagrada, na sociedade dita desenvolvida?
Senhor, obrigado pelos irmãos anjos que nos deste,
amigos, intercessores, mensageiros de Boas Novas,
companheiros de jornada, presença que salva.
Cristo, Filho do Deus Vivo, faz de nós anjos fieis,
que usam a liberdade para amar e cuidar da vida frágil,
que Te seguem com zelo e alegria.
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, mensageiros da Aliança,
intercedei por nós e não nos deixeis cair no desânimo,
no comodismo egoísta, na mentira que mata,
na tristeza da dependência, no desvario da guerra.
quinta-feira, setembro 28, 2017
5ª feira da 25ª semana do Tempo Comum
Este povo diz: ‘Não chegou ainda o tempo de se reconstruir o templo do Senhor’». (cf. Ag 1,1-8)
A eternidade plena de amor desceu ao tempo encurvado sobre si.
Deus dá-nos o tempo como um dom que eleva
e nós consumimo-lo como propriedade própria que nos fecha.
Como o povo de Israel quando volta do exílio,
tomamos como única prioridade o nosso conforto
e esquecemos os outros, ficamos sem tempo para Deus.
Jesus, Palavra eterna, desce ao tempo e constrói história de amor,
passa a vida a fazer o bem, em diálogo com o Pai e o povo.
Por isso, tem tempo para a oração, para os doentes,
para os estrangeiros, para as crianças, para os pecadores...
Onde tudo se compra e vende, o tempo é dinheiro em saco roto.
Diz-me onde gastas o teu tempo e dir-te-ei onde tens o teu coração.
Numa sociedade narcisista, em permanentes “selfies photos”,
gasta-se o tempo sozinho consigo mesmo,
a alimentar a fama virtual e a comunicar com o ausente,
sonhando ser o centro de mundo, o rei da história.
Ocupados desta forma, não há tempo para o diálogo,
para os que estão próximos, para escutar gemidos de solidão,
para escutar vozes da eternidade, para alimentar o amor real.
Senhor, também eu tenho pressa e me sento ansioso,
quando visito a eternidade, onde o tempo é gratuito.
Dá-me, Senhor a tua paz e a alegria da tua graça,
para que também eu tenha tempo para a gratuitidade fecunda.
Inspirar-nos com a luz do teu Espírito para sabermos ponderar
onde e como devemos ocupar o nosso tempo,
o que vale a pena, o que dá vida, o que perfuma a história,
o que alimenta a esperança, o que promove a reconciliação.
quarta-feira, setembro 27, 2017
4ª feira da 25ª semana do Tempo Comum – S. Vicente de Paulo
Na nossa escravidão, o nosso Deus não nos abandonou. (cf. Esdr 9, 5-9)
Deus é amor fiel e paciente, compassivo e misericordioso.
O pecado afasta-nos de Deus e do irmão,
isola-nos na mentira e na escravidão que tira vida,
exila-nos da Terra prometida e da Casa de Deus!
Apesar das nossas más opções, teimosamente repetidas,
Deus não nos abandona e inspira compaixão aos governantes,
anima os pecadores à conversão e à reparação,
eleva os caídos e anuncia-lhe a boa nova da esperança.
Jesus é o Deus-connosco no meio de um povo de pecadores,
que aos redimidos envia como apóstolos da esperança!
A liberdade escuta vozes aventureiras e traidoras:
“experimenta”, “vai pelo mais fácil”,
“isola-te num mundo virtual, pois é mais cómodo do que o real”
“inventa uma mentira em vez de assumires a dignidade da verdade”
“aproveita a situação para cresceres à custa da fraqueza do outro”...!
E quando situações de escravidão e de dependência se manifestam,
já o pecado se tem enraizado e feito regra da nossa vida.
No entanto, o Evangelho da misericórdia e da esperança não se esgotou,
mas convive com o escravo do pecado, animando-o a levantar-se,
a pôr-se a caminho, a reconstruir o Templo do Amor de Deus
e a levantar o rosto para Deus, com a confiança de ser amado!
Senhor, louvado sejas pela minha história de graça,
que argamassa o pecado com amendoeiras de liberdade.
Bendito sejas, meu Senhor, por me teres chamado sem merecer,
pobre de força e de santidade, somente ancorado em Ti.
Obrigado porque me enviaste como consagrado e missionário,
e quando escuto para ensinar e curar o pecado dos outros,
Tu me ensinas e me curas, me fortaleces e me surpreendes!
S. Vicente de Paulo, apaixonado por Cristo e pelos seus pobres,
ensina-nos a ser Evangelho vivo da caridade e da Missão!
terça-feira, setembro 26, 2017
3ª feira da 25ª semana do Tempo Comum – S. Cosme e S- Damião
Levaram a construção a bom termo, segundo a vontade do Deus de Israel e a ordem de Ciro e de Dario, reis da Pérsia. (cf. Esd 6,7-8.12b.14-20)
Deus atua por meio de mediações humanas
e concorre em tudo para o bem daqueles que ama.
Inspira os reis da Pérsia, os profetas Zacarias e Ageu,
os exilados, o povo zeloso de Israel...
Quando as pessoas aprendem a sonhar com Deus,
ouvem a sua Palavra e a põem em prática,
o impossível acontece e a esperança floresce.
É descobrir-nos da família de Deus, não por nascimento
ou por mero acaso, mas por adesão e adoção!
Oscilamos entre a idolatria e a rejeição da política,
como se as lentes maniqueístas fossem as mais justas.
Na política há gente boa e gente oportunista.
Embora o poder e a cobiça corrompam,
há muitos que resistem e conseguem sonhar com Deus.
Muitos sem terem consciência clara disso,
são movidos pelo Espírito de Deus
e tornam-se colaboradores de Deus,
promotores de vida, de justiça, de esperança e de paz social!
Senhor, eis-me sentado a teus pés a tentar entender o teu projeto,
aberto a colaborar com todos, seja quem for e de onde vier,
que quiser colaborar na mesma missão de um mundo melhor.
Envia-nos o teu Espírito e dá-nos o dom do discernimento
e de uma vontade firme e generosa,
que dá a mão ao mais fraco, para que ninguém desanime.
Ajuda, Senhor, os nossos governantes
a sintonizarem com a tua compaixão
e a promoverem o bem, a paz e a justiça,
favorecendo a livre expressão da fé e do culto.
segunda-feira, setembro 25, 2017
2ª feira da 25ª semana do Tempo Comum
O Senhor despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia. (cf. Esd 1,1-6)
Deus é fonte de luz, da verdade e do amor.
Toda a terra lhe pertence, a todos dá vida,
e o seu Espírito sopra onde e quando quer.
Ciro, rei da Pérsia, de opressor, torna-se instrumento de Deus,
para contribuir para a reconstrução do templo de Jerusalém.
O povo de Deus viu neste facto a mão de Deus!
Também hoje, as fronteiras dos homens
não correspondem às fronteiras de Deus!
O nosso olhar míope vê curto e separado:
eu e os outros, os familiares e os não-familiares,
os amigos e os inimigos, os nacionais e os estrangeiros,
os do meu clube ou partido e os adversários,
os da minha empresa e os concorrentes,
os da minha igreja e os de diferente religião,
os que têm fé e os que se dizem agnósticos ou ateus...
E pensamos que Deus atua apenas no nosso quintal!
No entanto, Ele é Pai de todos, por todos deu a vida,
a todos move para o bem e o amor...
Senhor, louvado sejas por toda a criação
e por esta grande família que fraterniza o universo.
Espírito Santo, louvado sejas pela beleza de coração,
que alimentas em tanta gente que encontramos pelo caminho
e floresce amor, justiça e solidariedade, onde menos esperamos.
Bendito sejas, ó Cristo, Palavra de Deus a ressoar ternamente,
por continuares a querer salvar a todos
e nos envolveres nesta grandiosa e paciente missão.
domingo, setembro 24, 2017
25º Domingo do Tempo Comum
Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. (cf. Fil 1,20c-24.27a)
Deus ama-nos de tal modo que enviou o seu Filho ao mundo.
O Filho ama-nos de tal modo que deu a vida por nós
e ficou connosco, renascendo-nos pelo seu Espírito.
O Senhor nos procura e nos transforma em filhos de Deus,
semelhantes a Cristo nos sentimentos e na missão,
de tal forma que em nós habita a mesma luta contra o mal,
o mesmo amor pela salvação de todos,
a mesma liberdade para entregar a vida em misericórdia.
O nosso corpo glorifica ao Senhor, num mistério lunar de reflexo!
De que fala a nossa vida, a quem ela glorifica?
Umas vezes são medalhas de morte, ganhas a matar;
outras são condecorações de vitória, ganhas a vencer os outros;
outras são palmas de temor, com medo de ser perseguido;
outras são títulos de orgulho, por ser mais que os outros;
outras são distinções de fidelidade, a ajudar os outros;
outras são agradecimentos sentidos, por ter salvo vidas;
outras são feridas de ressentimento, que sofremos até ao fim;
outras são heróis anónimos, que amam sem ruído,
mas que sustentam no mundo a esperança e a alegria!
Senhor, ao buscar o teu Rosto neste labirinto de redentores,
surpreendo-me com a forma silenciosa e eterna com que me buscas,
com que me amas, como estás próximo e totalmente outro!
Desculpa as vezes que perco tempo a buscar-me a mim mesmo,
entretido e enganado com farsantes oportunistas.
Ajuda-me, com a luz do teu Espírito, a saber discernir,
o que é viver Cristo e alimentar a sua vida em nós,
fazer do corpo e da missão uma revelação do Filho de Deus!
sábado, setembro 23, 2017
Sábado da 24ª semana do Tempo Comum - S. Pio de Pietrelcina
Ordeno-te: Guarda o mandamento do Senhor, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo. (cf. 1 Tim 6,13-16)
Deus é o Pai da vida e o seu Filho
é o Senhor dos senhores, que habita uma luz imortal!
Agora, Jesus é semeador de palavras de vida,
um dia será Rei da Glória, Juiz dos vivos e dos mortos.
O Semeador busca terreno limpo de pedras e de espinhos,
permeável e generoso para, pela fidelidade, dar muito fruto.
A meta da nossa peregrinação é o encontro com Aquele
que agora podemos entrever apenas pela janela baça da fé.
Guardar o mandamento do Senhor é garantia de feliz encontro!
A vida anda fragmentada em instantes experienciais,
muitas vezes sem nexo nem rumo certo.
É um mundo de emoções, cujo objetivo é acumular experiências novas,
para ter um curriculum de fazer inveja aos outros.
O mercado potencia esta forma de ver a vida,
criando lugares e eventos de “experiências de sonho”.
Há criatividade para todos os gostos,
umas mais éticas do que outras, que entretêm a vida
e não preparam a vida para o encontro definitivo com o Eterno!
Por isso, não há a preocupação em aprender uma felicidade sustentável,
mas em comprar e vender instantes de êxtase,
registados em fotos e vídeos. publicitados em redes sociais!
Senhor, rumo e meta da nossa peregrinação,
como andamos distraídos, a vaguear como sonâmbulos!
Vem Palavra de Vida e limpa as pedras e espinhos,
com que me defendo de Ti e dos outros,
numa solidão estéril e atulhada de sonhos adolescentes.
Vem e fecunda a minha vida de fé e de amor,
para que a esperança crie raízes e perseverança,
neste terreno que foi criado para dar muitos e bons frutos!
S. Pio de Pietrelcina, intercede por nós
e ensina-nos o caminho da conversão a Cristo!
sexta-feira, setembro 22, 2017
6ª feira da 24ª semana do Tempo Comum
Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna. (cf. 1 Tim 6,2c-12)
O Filho de Deus caminha livre de avareza
e rico de discípulos e discípulas,
a quem curou, salvou, chamou, ensinou e enviou.
A vida de Jesus é o bom combate da libertação,
que aponta para a vida eterna e gera a fé e a caridade.
Os seus discípulos e discípulas são chamados
a combaterem este bom combate da fé e da piedade,
da justiça e da caridade, da perseverança e da mansidão.
Não é uma luta de palavras e por bens materiais,
mas de discernimento e fidelidade ao Evangelho que é Cristo!
A Igreja caminha no meio do mundo,
procurando seguir Jesus que vive no meio de nós!
Às vezes gastamos o tempo e energias no mau combate:
lutas de poder, discussões de palavras e ritos,
murmurações condenatórias que ofuscam a fraternidade,
divisões, insultos, guerras de influência, avareza...
Quem não está vigilante e atento à tentação da acomodação,
evita, por comodismo, o bom combate da fé,
deixa de ser um “homem ou mulher de Deus”
e torna-se um “homem ou mulher mundana”,
sem horizontes de fé nem de eternidade!
Senhor, como é desafiante querer ser como Tu,
filho do homem, calcorreando os caminhos da história,
buscando crescer como filho de Deus
que peregrina em Igreja para a eternidade.
Alimenta-nos com a tua Palavra
para que não nos percamos entre tantas palavras e ruído,
sacia-nos com o teu Pão,
para que perseveremos na fé e no amor,
como discípulos que Te seguem até à cruz,
com a mesma perseverança e mansidão daquelas mulheres.
quinta-feira, setembro 21, 2017
S. Mateus, Apóstolo e Evangelista
Até que cheguemos todos à medida de Cristo na sua plenitude. (cf. Ef 4,1-7.11-13)
O Filho de Deus anda em missão pelas ruas da nossa história.
Ele olha quem está sentado no banco de cobrador de impostos
e chama-nos a ser dispensadores da graça!
Senta-se à mesa com os pecadores para os alimentar com a Boa Nova
da misericórdia gratuita, recuperadora e comprometedora.
O objetivo não é apenas deixar um estilo de vida,
mas crescer ate à medida de Cristo,
tornar-se Evangelho vivo, apóstolo destemido, sacrifício oferecido!
S. Mateus é este pecador recuperado que todos podemos ser!
Uns pensam que ser cristão é apenas saber a catequese,
outros estão convencidos que basta ser piedoso e cumprir ritos,
outros que acham que só interessa a ética de vida,
outros ficam-se apenas pela ação social e caritativa,
outros ainda, não são quente nem frio, e primam pela omissão...
Mas Jesus diz-nos: “deveis fazer isto, sem omitir o resto”
ou seja, a meta do cristão é ser “como” Cristo,
crescer até à sua estatura na sua plenitude:
ter os mesmos sentimentos, os mesmos projetos, a mesma missão!
Senhor, louvado sejas porque um dia passaste à nossa porta
e nos chamaste a seguir-Te e nos deste a graça da nossa salvação.
S. Mateus, obrigado por teres escrito a Boa Nova de Jesus,
“Filho de David, Filho de Abraão”,
Palavra de Deus que quanto mais se escuta mais se grava,
como Nova Aliança, no nosso coração e nos nossos pés.
Ensina-nos a convidar Jesus para a nossa mesa,
sentando-nos às mesa da Eucaristia e da missão.
Espírito de Verdade e de Santidade ensina-nos a ser Evangelho Vivo,
escrito nas relações orantes e operantes do dia a dia!
quarta-feira, setembro 20, 2017
4ª feira da 24ª semana do Tempo Comum – S. André Kim e companheiros
É realmente grande o mistério da piedade. (1 Tim 3,14-16)
Os caminhos do Senhor são insondáveis!
Esperávamo-lo em Jerusalém e nasceu em Belém,
imaginávamo-Lo príncipe de ouro e veio carpinteiro,
ansiávamos por um Messias que destruísse os maus
e chegou um Nazareno, manso e humilde, que dá a vida por todos!
De tal forma, que Ele veio aos seus, revestido de Servo,
e os seus não O reconheceram e rejeitaram-No!
Por onde andará hoje o Filho de Deus?
Como se manifestará hoje o mistério da piedade?
O nosso cérebro gosta de coisas lógicas
e, perante o desconhecido, põe a imaginação a funcionar!
E quando imaginamos, construimos o desconhecido
a partir do que conhecemos, à nossa imagem,
à medida dos nossos medos e preconceitos,
antecipando e simplificando o mistério de cada surpresa.
Nesta lógica, é difícil compreender João Batista e Jesus,
ter um olhar de fé perante a história,
aceitar o diferente e dialogar com ele!
O novo exige que eu nasça de novo e me abra ao mistério,
e isso, é complexo, dá vertigens, cria insegurança!
Senhor, escuto a tua Voz, que me interpela cada dia,
e vou aprendendo a navegar em mar alto,
não entendendo tudo, mas confiante por és nosso Companheiro!
Corro pelo mundo em busca de objetivos
e, muitas vezes nem tempo tenho para Te pedir conselhos,
para reorientar rumos, escutar missões, descansar em Ti!
Dá-nos o teu Espírito e mostra-nos o teu Rosto,
disfarçado de quotidiano, contemplado no mistério.
S. André Kim e companheiros, mártires da Coreia,
intercedei pela paz e ajudai-nos a ser fieis no testemunho!
terça-feira, setembro 19, 2017
3ª feira da 24ª semana do Tempo Comum – S. Januário
Conservem o mistério da fé numa consciência pura. (cf. 1 Tim 3,1-13)
Cristo é a Cabeça da Igreja,
como luz que brilha pela palavra e pelo exemplo.
Nele encontramos o modelo de Pastor,
os sentimentos do ministério, a compaixão dos passos,
os frutos de vida, quem abraça e com quem se detém!
A fé e a consciência pura são pés da mesma função!
Quem foi chamado a exercer funções de responsabilidade na Igreja,
deve olhar para Cristo e não para os senhores de poder deste mundo!
Isto não impede que muitos caiam na tentação
de serem senhores em vez de servos,
de sonharem carreirismo em vez de entrega e doação,
de vestirem orgulho e humilhação em vez de humildade,
de brilharem pelo que têm e não pelo que são!
O perigo é querer ser funcionário da religião
em vez de discípulo de Jesus Cristo!
Senhor, obrigado porque me chamaste a ser presbítero,
embora esteja longe de ser maduro na fé,
exemplo de caridade, coerência de vida, compaixão ativa!
Que o teu Espírito nos conduza e nos ajude a ver a vida como Tu a vês,
livre das seguranças balofas deste mundo,
alimentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia
escondidos das câmaras e próximos dos gemidos envergonhados!
Dá-nos santos e bons pastores, que brilham pela profecia e compaixão,
com cheiro a ovelha e mística de santo!
segunda-feira, setembro 18, 2017
2ª feira da 24ª semana do Tempo Comum
Recomendo que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens. (cf. 1 Tim 2,1-8)
Deus quer salvar a todos, sejam autoridades, sejam cidadãos,
migrantes ou refugiados, nacionais ou estrangeiros.
Deus gostaria de nos ver com o mesmo sonho no coração,
confiante no poder de Jesus, seu Filho,
animados pelo mesmo Espírito,
unidos na mesma oração de súplica e de ação de graças.
A oração unifica-nos no mesmo bem social,
exercita a nossa fé, esperança e caridade
e compromete-nos com a missão de Deus!
Às vezes a nossa oração é muito egoísta e míope:
é por mim, pelos meus familiares e amigos e pouco mais!
Parece que entramos com o coração estreito e pequeno
e saímos da mesma forma, de horizontes fechados.
Vamos à missa e rezamos a oração universal,
como pedagogia do coração grande e missionário,
mas nas orações pessoais continuamos com horizontes curtos!
Uma das formas da Igreja se comprometer com o bem do mundo,
é rezar por todos, unir-se na mesma prece pela paz e justiça,
colocar no coração de Deus os sofrimentos e alegrias do mundo,
pedir a conversão dos pecadores,
dar graças pelos que têm boa vontade e bom coração!
Senhor, Salvador de todos e pastor de avelhas perdidas,
prepara o coração de todos para acolherem o dom da fé
e abre-os à ação do teu Espírito de justiça e de paz.
Louvado sejas pelas pessoas que se parecem com teu Filho
e são um raio de esperança num mundo em rota de colisão.
Ajuda o Papa, os bispos, presbíteros, consagrados e leigos
a serem sacramento de salvação, fiel e missionário.
Ilumina os nossos governantes com o dom da sabedoria,
para que cuidem do bem comum e dos mais fracos
e se libertem do egoísmo interesseiro e da cobiça eleitoralista.
Olha, Senhor, pelos que semeiam o medo e a violência,
e liberta-os do rancor e da vingança, converte-os à paz!
domingo, setembro 17, 2017
24º Domingo do Tempo Comum
Não tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados? (Sir 27, 33 – 28, 9)
A compaixão de Deus é uma lição de amor.
Na sua misericórdia nos refazemos e curamos,
na alegria de sermos perdoados aprendemos a perdoar.
A aliança que nos é proposta por Deus,
nada mais é do que amar sempre,
resistindo à tentação do ressentimento, ódio e vingança.
Alimentar o rancor como ferida de estimação
é virar as costas à Cruz e à nova aliança selada por Cristo.
Amar sempre, mesmo que doa, é viver sempre no Senhor!
É normal que haja desencontros, palavras impróprias,
atitudes egoístas que ferem, olhares que mentem,
temores escondidos que atacam e gritam...
A todos nos salta a tampa quando fervemos em pouca água,
ou nos dói os orgulho,
ou vemos no outro uma ameaça em vez de um irmão.
Mas como ficamos contentes quando nos perdoam
e compreendem um mau parêntesis da nossa história.
Olhamos para Deus e sabemos
que seremos perdoados e compreendidos;
olhamos para os que nos ofendem
e fixamo-nos na nossa ferida
em vez de olharmos o irmão com compaixão de Deus!
Senhor, a fidelidade do teu Coração é um amor sem medida,
por isso, posso aproximar-me de Ti, arrependido do pecado,
porque sei que me espera um abraço, uma mão que levanta,
uma palavra que conforta e anima, um envio a perdoar!
Jesus, a cruz mostra que és Filho do Amor
e, quer vivas no Céu ou vivas na Terra,
quer sejas acolhido ou sejas rejeitado,
bebes sempre da mesma Fonte, és sempre Aliança!
Envia-nos o teu Espírito e ensina-nos a perdoar sempre,
para que o nosso coração seja espelho do Teu
e nos tornemos embaixadores da misericórdia,
como quem busca lírios silvestres em tempo de Inverno!
sábado, setembro 16, 2017
Sábado da 23ª semana do Tempo Comum – S. Cornélio e S. Cipriano
Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro deles. (cf. 1 Tim 1,15-17)
Deus é o Rei do séculos, a misericórdia eterna,
a habitação invisível no mais íntimo do coração.
Envia-nos o seu Filho como “salvador dos pecadores”,
salva-vidas, Mestre em ensinar a nadar em mar alto!
Salva Paulo do seu ódio perseguidor e agressivo,
e faz dele um apóstolo capaz de dar a vida pelo Evangelho!
O pecado de Paulo, curado pela misericórdia imerecida,
torna-se o seu Evangelho que abre à esperança todos os pecadores!
A vida é um oceano de oportunidade e de ratoeiras assassinas.
A solução não é a fuga do mundo, o medo, a paralisia,
mas o ser fermento novo, o ser farol de aviso,
nadador experiente que se salva e se torna salva-vidas de náufragos.
O Evangelho não são palavras mágicas que impedem as tentações,
mas pão que fortalece, luz que dá rumo, sabedoria que discerne!
Cristo está no meio de nós e nós devemos também estar no mundo,
com o mesmo coração bom, com a mesma vontade de dar bons frutos,
com a mesma fidelidade à aliança, com a mesma misericórdia!
Senhor, na minha fragilidade vou descobrindo a tua força!
Como é pacificador dormir na certeza da tua fidelidade misericordiosa!
Como é esperançoso acordar nos braços do teu amor!
Ensina-nos a espiritualidade que nos prepara para a tempestade,
onde a fidelidade é obediência à Rocha que é Cristo
e a escuta sabe distinguir, entre muitas vozes, a voz do Espírito!
S. Cornélio e S. Cipriano, papa e bispo unidos na mesma fé,
ensinai-nos a comunhão da caridade e a força do testemunho!
sexta-feira, setembro 15, 2017
Nossa Senhora das Dores
Dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas. (cf. Heb 5,7-9)
O amor une vidas no mesmo sentir.
A dor do Pai ecoa no coração do Filho,
assim como a dor do Filho ecoa no coração da Mãe.
O Filho sente-se confortado na solidariedade da Mãe,
mas sofre também por A ver sofrer no amor que lhe tem!
No alto da cruz, Jesus entrega-nos sua Mãe
e Maria não sofre só com seu Filho,
mas também com os filhos que o Filho lhe Deus.
O egoísmo torna-nos indiferentes à dor e sorte do outro.
Numa sociedade de serviços externos e pagos,
os cuidados especiais (educação, saúde, lazer)
são entregues a profissionais, com a sensação de dever cumprido.
Mas se não se tem cuidado, os corações vão ficando longínquos,
perde-se a capacidade de sentir a dor do outro,
de rezar pelo bem do que sofre, de exercitar a capacidade de consolar.
Os profissionais, por sua vez,
para que não se envolvam demasiado no sofrimento do outro,
procuram tornar-se imunes à dor, dizendo a si mesmos:
“Tenho que ser profissional, não me posso envolver emocionalmente!”
Por isso, há tanta solidão no sofrimento e indiferença à dor!
Bom Deus, o teu Coração sofre por nos ver sofrer
e não descansa enquanto não aprendermos a felicidade de viver!
Envia-nos o teu Espírito e renova o nosso coração empedernido,
para que aprendamos a bem-aventurança de chorar com quem chora.
Maria, nossa Mãe, acolhe-nos no teu Coração Imaculado,
e ensina-nos a participar nas dores do teu Filho,
com a nossa conversão, oração e solidariedade evangelizadora.
Senhora das Dores intercede por estes filhos perdidos e indiferentes!
quinta-feira, setembro 14, 2017
Exaltação da Santa Cruz
Obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou. (cf. Fil 2,6-11)
Em Deus, - Pai, Filho e Espírito Santo -,
arde o mesmo fogo de amor pela salvação de todos.
É este amor que faz Deus descer e propor aliança,
é o mesmo amor que faz o Espírito inspirar os profetas,
é o mesmo amor que faz o Filho encarnar
e dar a vida, carregando os pecados do mundo
e crucificando-os consigo na cruz.
Em Cristo, o homem é capaz de obediência ao amor até à cruz!
Exaltar a cruz não é exaltar o sofrimento pelo sofrimento,
mas exaltar a fidelidade ao fogo do amor que não se apaga,
mesmo quando a solidão chora de injustiça!
Nós, normalmente, colocamos limites para o amor:
adultérios, mentiras, insultos, falsos testemunhos...
e a partir de uma certa intensidade de mal,
achamo-nos no direito de passar a ser fonte de ódio e de vingança!
A cruz é o monumento da vitória do Amor eterno,
pois mesmo a sangrar de dor e solidão,
Jesus respirava aliança, paz, salvação em fogo vivo!
Senhor, contemplo-Te na cruz e vejo o meu Deus,
no mistério da misericórdia a jorrar salvação!
Como estou longe da cruz e do amor incondicional!
Fortalece-nos com a Palavra da reconciliação
e faz de nós ministros da misericórdia!
Comungo o teu Corpo e o teu Sangue,
e desejo curar as minhas feridas de ressentimento,
gangrenadas de ódio e de pus vingantivo!
Em vez de procurarmos razões que justifiquem guerras justas,
ajuda-nos a buscar na cruz motivos para a obediência ao amor!
quarta-feira, setembro 13, 2017
4ª feira da 23ª semana do tempo Comum – S. João Crisóstomo
O que há é Cristo, que é tudo e está em todos. (cf. Col 3,1-11)
Pelo Batismo morremos para nós e ressuscitamos para Cristo.
O homem novo que nasce em nós é embrião de nova vida,
revestida de sentimentos que o Espírito nos dá de Cristo
e nos faz parecidos com o Criador!
Cristo vai-se revelando em nós de tal forma,
que podemos tornar-nos seus apóstolos,
pela palavra e pelo exemplo!
É uma felicidade que se alegra pelo que é e não pelo que tem,
que constrói a paz e se compromete com a justiça,
mesmo que a verdade doa e a fraternidade seja incómoda.
Somos cidadãos do mundo com o coração em Deus.
Olhando-nos a partir de Alto, de uma paternidade universal,
o que nos une é mais do que nos separa.
Olhando-nos de cima, a diferença é beleza policromátrica,
que não ameaça, mas enriquece a paisagem,
como obra prima de um Criador criativo e artista!
Sentimentos de medo, de ira, agressividade, insultos,
preconceitos, maus desejos... criam muros,
desdestroem pontes, semeiam armadilhas, dividem as pessoas.
Nota-se nos cristãos que Cristo é tudo em nós?
Senhor, louvado sejas pela oferta de vida nova em Cristo!
Pelo Batismo, ó Cristo, começaste a ser gerado em nós,
sacia-nos com a tua Palavra e o Pão da Eucaristia,
para que alimentemos o teu crescimento em nós
e, pouco a pouco, o Homem Novo se manifeste em nós.
Ensina-nos a ser felizes como Jesus,
sábios na paz, servos do amor, semeadores da esperança.
S. João Crisóstomo, boca de ouro onde o Evangelho brilha,
ensina-nos a falar de Cristo à humanidade de hoje.
terça-feira, setembro 12, 2017
3ª feira da 23ª semana do tempo Comum
Anulou o documento da nossa dívida, suprimiu-o, cravando-o na cruz. (cf. Col 2,6-15)
O nosso salvador é Cristo, o único que deu a vida por nós,
perdoou os nossos pecados,
confirmou a sua aliança de amor no seu sangue
e permanece connosco, oferecendo-nos o seu Espírito!
Apesar da nossa vida ser um aventurar-nos noutros caminhos,
diferentes dos que Deus nos propõe,
Deus não sai do nosso caminho e usa de misericórdia
para sarar as nossa feridas e nos amar até ao extremo!
Por isso, a solidão de Cristo na cruz
é um cortejo triunfal de pecadores amados e perdoados!
Uns confiam nos carros, outros nos cavalos;
uns agarram-se a ritos, outros a palavras;
uns querem conquistar o Céu apenas com as suas forças,
outros agradecem o dom e tornam-se dom
que ama, perdoa, acolhe, cuida, ajuda, evangeliza!
Morrer para si e ressuscitar para Cristo:
eis o grande desafio do cristão perante o Eu entronizado,
narcisista, guloso, miniatura que anseia por ser o maior!
Morrer para Cristo não conjuga com subjetivismo,
relativismo, senso comum, auto-referência!
Senhor, Servo e Libertador dos pecadores,
louvado sejas pela tua misericórdia e graça,
que não se esgota, nem se cansa com a nossa infantilidade.
Cristo, na tua cruz está cravada a sentença do meu pecado,
como é bela essa árvore da vida,
onde a terra e o céu se encontram e se abraçam!
Ajuda-me a morrer para mim e a ressuscitar em Ti,
para que o Pão da Aliança alimente um coração renovado,
discipular, missionário, fiel, contemplativo e profético.
segunda-feira, setembro 11, 2017
2ª feira da 23ª semana do Tempo Comum
Completo na minha carne o que me falta da paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja. (cf. Col 1,24-2,3)
Cristo deu-se totalmente pela salvação da humanidade.
Como a mulher que dá à luz, alegra-se nos seus sofrimentos,
não porque goste de sofrer, mas porque deseja ardentemente salvar-nos.
O cristão, discípulo e missionário, comunga deste mesmo desejo,
e, como Paulo, alegra-se na luta sofrida pela salvação do mundo.
Paulo identifica-se de tal forma com Cristo,
que vê nas dificuldade que sofre pela evangelização,
uma forma de participar plenamente na paixão de Cristo!
Até que ponto ofereço a minha vida em benefício de todos e da Igreja?
O “amor de si” faz da vida uma fuga ao sofrimento.
Este movimento de evasão sobrepõe-se ao amor do outro!
Somos uma sociedade de analgésicos sempre à mão,
de retirada quando o compromisso exige fidelidade no sofrimento.
É por isso, que se adiam escolhas mais exigentes,
se divorciam casais quando um cônjuge fica debilitado ou dependente,
se entregam a terceiros membros da família mais complicados:
crianças, jovens, doentes, idosos, deficientes...
A própria decisão de não casar ou ter filhos é, muitas vezes,
sintoma de comodismo, de evitar trabalhos e canseiras!
A própria vocação à consagração e à missão por toda a vida,
tem poucos adeptos, pois exige sair de si, deixar tudo,
aprendizagem da língua e cultura diferente,
paciência perante um aparente fracasso e lentidão de objetivos!
Senhor, mergulho no oceano do teu amor
e extasio-me com a fidelidade com que sofres
pela nossa salvação, a felicidade eterna da nossa vida!
Contemplo a paixão de Cristo, teu Filho,
e dou-me conta de quanto estou longe da sua entrega,
da oferta total da sua vida pela salvação do mundo.
Que o teu Espírito nos fortifique a vontade,
para que não recuemos perante as dificuldades,
não poupemos esforços nem sofrimentos
para levar a Boa Nova de Jesus a todos, sem exceção!
domingo, setembro 10, 2017
23º Domingo do Tempo Comum
Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. (cf. Ez 33,7-9)
Deus fez-nos comunidade à sua imagem e semelhança:
com capacidade de amar e assumir um projeto comum,
de cuidarmos uns dos outros como pais e sentinelas.
Como pais e irmãos somos membros uns dos outros,
solidários, complementares, subsidiários;
como sentinelas e faróis somos os anjos de aviso de perigo,
para que a liberdade desperte e se fuja dos perigos.
Jesus veio, não como juiz, mas como Caminho a seguir,
Misericórdia a oferecer, Luz a iluminar, Missão a continuar.
Cada um é livre para seguir o seu caminho,
mas cada um é responsável por ser anjo da guarda do outro.
A tolerância não se pode confundir com indiferença,
ver alguém caminhar para um precipício e não o avisar!
Ser sentinela à maneira de Cristo e do Espírito,
conjugando liberdade e amor, Palavra e silêncio,
sem julgar nem forçar, é um desfio grande e necessário!
Este estilo de vida que vivemos,
em aceleração crescente e em aventurarismo compulsivo,
está a criar dependências perigosas,
alegrias com ressaca, depressões continuadas,
guerras incompreensíveis, solidões em gaiolas de ouro!
O mundo precisa de sentinelas atentos e amigos!
Senhor, comunhão de amor numa Trindade perfeita,
ensina-nos a viver em comunidade e em família,
empenhados no bem do outro e com o coração reconciliado.
Cristo, Filho de Deus que encarnou Sentinela-Pastor,
envia-nos o teu Espírito e ensina-nos a cuidar do irmão,
com a mesma paciência, respeito, diálogo e entrega
com que Tu nos avisas, nos falas, nos corriges e nos perdoas!
Ajuda-nos a ser uma Igreja profética na hora atual,
para que ninguém nos possa acusar: “ninguém nos avisou”!
sábado, setembro 09, 2017
Sábado da 22ª semana do Tempo Comum – S. Pedro Claver
Outrora éreis estranhos a Deus e na vossa mente seus inimigos pelas vossas más ações. (cf. Col 1,21-23)
O filho de Deus vem ao nosso encontro,
apesar de, na nossa mente e ações, vivermos como estranhos,
como inimigos, como indiferentes a Quem nos criou!
Não só renova a sua aliança connosco,
como dá a vida por nós e nos envia o seu Espírito,
Lei nova do amor sem limites que grava no nosso coração.
Ele é o repouso sabático que promove a vida e a reconciliação.
Apesar do Batismo e do Sacramento da Reconciliação,
muitas vezes voltamos ao “outrora” do nosso pecado,
da nossa vida estranha a Deus e aos seus mandamentos,
da nossa insensibilidade ao bem do outro
e excesso de zelo pelo bem próprio!
Às vezes deixamo-nos levar pela voz do Tentador,
que nos diz: “não vale a pena voltar, porque Deus já não te perdoa!”,
“a santidade não é para ti, pois tu és muito fraco,
estás sempre a cair nos mesmos pecados, a voltar a trás!”
Mas o Evangelho é mesmo este: Jesus morreu por nós,
não porque éramos seus amigos, mas porque Ele é nosso Amigo.
Senhor, vivemos numa modernidade que nos faz voltar ao “outrora”,
dá-nos a sabedoria do alto e alimenta a nossa esperança na eternidade,
para que alimentemos o “hoje” com o teu Sim fiel na cruz.
Liberta-nos de uma religião de meros deveres rituais,
para que entremos no caminho espiritual do Evangelho,
de uma vida santa, pura, oferecida em doação.
S. Pedro Claver, apóstolo dos escravos,
ajuda-nos a estar junto daqueles que não são amados!
sexta-feira, setembro 08, 2017
Natividade da Virgem Santa Maria
Àqueles que predestinou, também os chamou; (cf. Rom 8,28-30)
Deus é uma missão de amor ao criar.
Cada um de nós é uma vocação dada à luz.
Ninguém nasce por acaso, nem para nada!
Todos nascemos com um projeto, um sonho de Deus,
que uma vez assumido, se torna colaboração na sua Missão!
Uns, como Maria, dizem sim ao projeto de Deus,
outros, como Eva e Adão, fazem da vida um capricho.
Celebramos o aniversário de Maria,
porque no seu Sim, todos pudemos nascer para Cristo!
A celebração do aniversário diz muito do nosso ideal de vida.
Os povos da Europa central celebravam o onomástico, o dia do seu santo,
para recordar que a vida deve ser santa como a do santo do seu nome.
A Igreja celebra o aniversário da morte do santo,
pois é o dia do encontro face a face com a Vida eterna.
Alguns celebram o dia do Batismo, em vez do de nascimento,
pois é o dia em que nasceram como Filho de Deus em Cristo.
Outros celebram o dia do nascimento, muitas vezes apropriando-se da vida,
querendo ser o centro das atenções, numa auto-referência perigosa.
Outros juntam ao dia de aniversário outras datas significativas,
e celebram as datas dos seus “Sins” fundamentais:
casamento, consagração, ordenação sacerdotal, início de um projeto...
Hoje, por exemplo, celebro o aniversário da fundação da minha congregação!
Senhor, que esperaste pacientemente pelo Sim de Maria,
para realizar o teu projeto de Missão encarnada,
ajuda-nos a saber criar uma cultura vocacional,
onde todos e cada um se sintam chamados a assumir uma missão,
que envolva a salvação do mundo
e não apenas a própria realização pessoal.
Jesus, que em Maria aprendeste a ser Novo Adão,
envia-nos o teu Espírito e ensina-nos a viver como filhos de Deus.
Maria, beleza de vida modelada pelo sonho de Deus,
dá-nos a tua mão de Mãe e liberta-nos do medo de confiar,
de dizer sim a Deus, mesmo quando não compreendemos como vai ser.
Parabéns Maria, porque no teu nascimento está a nossa esperança,
o nosso modelo de vida, a alegria de termos uma Mãe tão humilde e santa!
quinta-feira, setembro 07, 2017
5ª feira da 22ª semana do Tempo Comum
Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado. (Cf. Col 1,9b-14)
Cristo é o Senhor de uma vida renovada.
Nela não há trevas, mas pela ação do seu Espírito,
conforma-nos com a vontade de Deus
e ensina-nos a escolher, com fidelidade,
as boas obras da paz, da justiça e do amor
e a encontrar Deus presente nas ruelas da nossa vida.
Jesus, o Filho amado do Pai revestido de carpinteiro,
entra na nossa barca como pedinte, utiliza-a como Mestre
e chama-nos a segui-Lo como pescadores ao serviço do seu reino.
A vida caminha sob dois reinos: o das trevas e o de Cristo.
Não têm fronteiras definidas, mas frutos claros.
As trevas alimentam-se do medo e da violência,
e produzem jardins de espinheiros, solidões exploradas,
fragilidades abandonadas, heróis tristes e autistas,
liberdades controladas, alegrias compradas e bêbadas...
O reino de Cristo alimenta-se de amor e de doação
e produz jardins-hortas que alimentam pobres,
pelo generosidade do dom e da solidariedade,
respeitam a liberdade e animam a paz,
contemplam o Céu e dão graças na cruz,
numa alegria que junta à mesma mesa as cores do arco-íris.
Que vigilantes precisamos de andar
para não passarmos de um reino para o outro!
Senhor, aproximas-Te de nós porque somos pecadores,
vem, entra na nossa barca, no nosso quarto, no nosso coração
e liberta-nos das amarras da dependência das trevas
e do medo da luz que revela o barro frágil de que somos feitos.
Envia o teu Espírito e desperta-nos para a sabedoria da santidade,
que nos ensina, em cada momento, a escolher Cristo como Mestre.
Faz de nós pescadores de homens para o reino de Cristo,
numa missão serena e confiante, paciente e misericordiosa,
que anima para a liberdade de servir e a alegria de amar.
quarta-feira, setembro 06, 2017
4ª feira da 22ª semana do Tempo Comum
Temos ouvido falar da vossa fé em Cristo Jesus e da caridade que tendes para com todos os cristãos. (cf. Col 1,1-8)
A fé em Jesus conduz-nos à Fonte do amor,
abre-nos o caminho do agir em caridade,
numa imitação de Cristo que se torna esperança eterna!
O que acreditamos hoje é o que esperamos na eternidade:
sermos salvos pela misericórdia de um Deus que se fez Irmão
e tornar-nos irmãos de todos, como o Filho de Deus!
É uma caridade discipular que tem como Mestres
a vida de Cristo e a Voz inefável do Espírito,
que é como a bússola que concretiza a orientação!
É pelo sonho que vamos e nos levantamos do sono!
Às vezes o sonho, que é como quem diz a esperança,
é muito limitado, pequeno, passageiro, material.
Há quem faz da sua esperança “dar nas vistas”,
nem que seja pelo lado do herói mau e cruel!
Há quem sonhe ser “sexy” e reduz a sua vida em atrair,
em consumir prazer, em expor partes do seu corpo.
Há quem sonhe preencher o seu vazio
com comida e bebida, objetos de marca comprados,
procurando na exterioridade material
o preenchimento da carência afetiva e de sentido que sente.
Há quem, por causa da fé e da esperança que o anima,
é capaz de deixar tudo, até o medo de se perder,
para amar a todos, salvar a todos, sonhar grande e eterno!
Senhor, Sonho grande de Deus concretizado na história,
faz-nos sonhar com o Céu, tal como o viveste na Terra.
Senhor Jesus, Médico que cura a história,
cura as nossas febres, que nos prostram na cama ou sofá
e nos paralisam o serviço da caridade.
Conduz-nos pela luz clarificadora do teu Espírito,
para que no meio de tantos sonhos e esperanças,
saibamos aderir e confiar no sonho grande e eterno de Deus,
de perfumar a história de paz, de justiça e de amor.
terça-feira, setembro 05, 2017
3ª feira da 22ª semana do Tempo Comum – S. Teresa de Calcutá
A fim de que, velando ou dormindo, vivamos em união com Ele. (cf. 1 Tess 5,1-6.9-11)
Deus destinou-nos a sermos salvos em Jesus.
Deu-nos o dom da vida, da sabedoria e do tempo,
para aprendermos a amar sem medida como Ele.
Esta vida é uma conceção da filiação divina em nós,
no útero da misericórdia que é a nossa história.
Aprender a viver e a dormir unidos a Deus,
respirando a paz do Espírito e o amor do Filho
é o grande desafio da nossa esperança jubilosa e vigilante.
Andam por aí uns anúncios do fim do mundo,
pintados de medo, como má notícia,
que só alguns “bunkers” mistéricos podem proteger.
Semeiam temor e chantagens de captação de fieis,
que em nada conduzem ao encontro jubiloso,
tranquilo e fiel de quem aprende já a encontrar-se com Cristo,
durante o dia e a noite, numa amizade coerente e concreta.
Uns fecham os olhos à fé e buscam a noite da diversão e da orgia,
outros adormecem no seu egoísmo, indiferentes ao amor,
outros buscam a vigília da adoração noturna do Santo Sacramento,
gozando e alimentando um amor que se pretende eterno.
Senhor, Tu és a nossa paz e salvação,
por isso adormeço tranquilo e sem ressentimentos
e caminho vigilante, buscando amar em todas as situações.
Cristo, Tu caminhas pelas ruas da nossa história,
como Pastor que busca esta ovelha perdida,
abre o nosso coração à tua misericórdia e à tua Palavra.
Que o teu Espírito nos avise do mal que nos contamina
e nos ensine a viver sempre unidos ao teu Coração,
que nos anima na esperança e nos purifica o amor.
S. Teresa de Calcutá, ensina-nos a vigiar na caridade,
frente ao sacrário e frente ao marginalizado!
segunda-feira, setembro 04, 2017
2ª feira da 22ª semana do Tempo Comum
Estaremos sempre com o Senhor. (1 Tess 4,13-18)
Deus desceu a nós por um amor entranhável!
Deus, o totalmente outro quer ser o Deus-connosco,
Deus em nós, Deus para nós, boa nova para os pobres e pecadores.
Jesus é a expressão do mistério insondável deste Deus:
é o filho de Maria e José mas também o Filho de Deus,
é mãos calejadas pelo trabalho que abençoam e salvam,
é silêncio de Nazaré e anúncio ardente do Evangelho da vida.
Quem adere a Cristo permanece em Cristo,
quer viva, quer morra, estaremos sempre com Ele!
O mistério da morte não deixa ninguém indiferente.
É um horizonte para além do que os nossos olhos podem ver,
uma fronteira cerrada que todos temos de atravessar.
Os que partem vão serenos, os que ficam apreensivos.
Chora-se a despedida, teme-se o desconhecido.
A única certeza que temos é a da fé:
fomos salvos pelo Amor e o amor não morre!
Por isso, quem vive em Cristo já vive a eternidade,
já pulsa a comunhão, já contempla o coração,
sustenta-se na esperança do Caminho e Porta que é Jesus!
Como será, o que acontece à alma, onde fica o Céu,
como será o julgamento, como seremos depois da morte...
mistérios, que quem se sente em boas mãos,
pode esperar tranquilo para ver!
Senhor, a tua vida é a nossa vida, a tua missão a nossa missão,
neste caminho enevoado duma fé insuficiente e peregrina.
Conduz-nos com a luz do teu Espírito e aumenta a nossa esperança,
para que não tenhamos medo do aquém nem do além,
pois quer vivamos, quer morramos pertencemos a Ti, Senhor!
Ajuda-nos a aprofundar o encontro contigo,
pelas mediações da oração, da Palavra, dos sacramentos,
da Igreja, da missão e do cuidado do pobre,
para que alimentemos a comunhão do encontro definitivo,
do face-a-face em que o abraço é uma feliz eternidade!
domingo, setembro 03, 2017
22º Domingo do Tempo Comum
Para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus o que Lhe é agradável. (cf. Rom 12,1-2)
Em Cristo, o culto é uma vida oferecida em obediência
à vontade de Deus e pela salvação dos outros.
Mesmo que isso signifique renúncia de si mesmo,
exposição a rejeições e até perseguições!
A Cruz é sinal de fidelidade à sua missão,
de resistência à tentação de fuga à ardência da consciência,
de vitória da diferença agradável a Deus e bênção para a história.
O seguimento de Jesus põe-nos neste discernimento contínuo
e nesta entrega agradável, não a nós, mas a Deus e ao bem de todos.
O ritmo apressado, sempre ligado à curiosidade do mais,
constantemente estimulado pela diversão e a fuga da dor,
leva-nos a uma vida adormecida, ocupada com nada,
sem pensar nem refletir, num mimetismo ingénuo.
O único critério sou eu e o meu umbigo satisfeito,
a minha conformidade com o sentir do mundo e as suas modas,
o sonho de ter poder e riqueza para satisfazer os meus caprichos.
Até a Deus queremos controlar para nos ajudar nesta vida
de ganharmos este mundo e perdermos a perfeição do amor!
Senhor, a tua Palavra me queima e me incomoda,
tenho pressa de fugir e apagar este fogo de transformação,
para não ser diferente, não ter problemas, não parecer ridículo!
Olhar o mundo a partir de Cristo mete medo,
pois nos compromete com a coerência e o testemunho de vida,
enlaçado à palavra proclamada e à verdade da maldade denunciada!
Espírito Santo, Luz que queima a mentira e purifica a orientação,
ajuda-nos a viver em permanente discernimento
e fortifica a nossa vontade, libertando-nos do medo do risco
de ser diferente, amigo incómodo, testemunho de esperança!
sábado, setembro 02, 2017
Sábado da 21ª semana do Tempo Comum
Tendo como ponto de honra viver em paz e trabalhando com as vossas próprias mãos. (cf. Tess 4,9-11)
Conhecer a Deus é expor-se ao seu mistério de amor,
escutar a sua voz de aliança e compromisso concriador,
aprender a compaixão e a fraternidade, a viver em paz.
Deus confia-nos o bem da vida, o cuidado da criação,
a paz fraterna e a continuação da sua missão redentora.
Jesus ensinou-nos a ser um servo bom e fiel,
que não enterra os talentos mas se faz doação e entrega,
amando até ao extremo,
confiando no Pai mesmo na solidão da cruz.
Quais são hoje os nossos pontos de honra,
dos quais não prescindimos em situação nenhuma?
A palavra de honra? O compromisso de honra?
A paz de honra? O perdão de honra? O trabalho de honra?
O dever de honra? O cuidado do mais fraco de honra?
Ou o comodismo de honra? O poder de honra?
O consumo de honra? O prazer de honra?
Os sinais de riqueza de honra? O rebaixar o outro de honra?
A agressividade que atemoriza o outro de honra?
O aproveitamento da fraqueza do outro de honra?
Senhor, que mistério descobrir-Te Pai bondoso,
aliança eterna, amor que serve, vida que salva!
Cristo, Imagem tal e qual a do Pai,
em comunhão plena com a do Espírito Santo,
ajuda-nos a assimilar em Ti, comungando o teu Corpo.
Obrigado pelos talentos e missão que nos confiaste,
e ajuda-nos a faze-los render com generosidade,
alegria e fidelidade, empenhados em tão grande obra!
sexta-feira, setembro 01, 2017
6ª feira da 21ª semana do Tempo Comum
Deus não nos chamou a viver na impureza, mas na santidade. (cf. 1 Tess 4,1-8)
Deus é o Santo e quem crê em Deus
deve desejar ser santo como o Pai do Céu é santo.
Imitar os pagãos na imoralidade e na corrupção,
é dormitar no egoísmo do mais fácil e mais cómodo.
A santidade supõe discernimento no Espírito,
fazer a diferença pela exigência da verdade e da justiça,
colocar amor nas vigias com que espera o Esposo!
Cristo, o Esperado, é o mesmo seguido e vivido!
Vivemos o ideal da “imitatio mundi”,
a que chamamos modernidade, progresso, moda,
ética maioritária, última novidade tecnológica...
O ideal do “agradar a Deus” e da “imitatio Christi”
fica circunscrito a breves momentos e lugares sagrados,
mas a vida real pauta-se por outros ideais!
Comungamos diariamente desta mentalidade
na mesa da internet, no sofá da TV, no peregrinar do telemóvel.
E o que não é alimentado, enfraquece, esmorece, morre!
Não admira que a vida avaliada pela “imitatio mundi”
não leve à consciência do pecado, nem à conversão a Cristo!
Senhor, preparaste a festa nupcial e eu sem tempo
para me preparar, sem energia para alimentar o amor,
atarefado comigo mesmo e o instante centrifugado!
Desperta-nos com a claridade do teu Espírito
e ensina-nos a olhar para o alto e o horizonte do amor puro,
para que descubramos a alegria de uma vida profética,
que faz a diferença pela santidade de vida e a coragem justa.
Dá-nos o sentido da ascese do que nos faz mal
e da dieta que cura da massificação telecomandada!